Tristonhas, as caras
Não transbordam o espírito da época.
A correria e o frenesim,
O olhar esgazeado, o esgar
Repulsa pela vida que pulsa,
Pelo pouco que levam no saco.
Não há calor no frio deste inverno tristemente antecipado.
Gelado é o torpor das noticias do futuro.
Não há quem arrisque um sorriso
Um voto de bom natal.
Não há castanhas
Realejos
Música estafadas de séculos
Música estafadas de séculos
Que ousem animar a alma.
Não há brilho na luz
Sequer luz no ar...
Nem o rosado das faces encostadas à montra
Sem o cheiro dos natais de outrora.
Pouco,
Fugaz,
O brilho do bolo-rei
E o açucar reluzente.
É tudo baço,
Tristemente escasso,
Encontrões e pisadelas
E transportes apinhados
E caras sofridas
E bafos contidos
Vidas amarelas...
É-se triste todo ano, mas no Natal doi mais!
Parece-me Pedro que o espirito de Natal que descreve terminará com a nossa geração. Fala da crise económica, mas essa já existiu no tempo da "velha senhora" e não foi impeditivo para que o Natal tivesse os cheiros e a beleza que sempre teve, mesmo que para alguns fosse bem difícil. A maior crise é a dos valores e penso que a nossa geração não estará a fazer jus há herança que os nossos pais nos deixaram e talvez por isso não sejamos suficientemente capazes de a transmitir aos nossos filhos.
ResponderEliminarSabe que sofro de uma grave doença vulgarmente denominada por nostalgia, por isso peço-lhe desculpa pelas minhas deprimentes palavras