Tenho um enorme respeito pela revista Cais. Tenho respeito por quem inventou o conceito, por quem patrocina, por quem faz a revista e mais que tudo por quem tem necessidade de a vender.
Não digo que compro todos os números, mas tenho comprado bastantes.
E porque conheço o espírito e o conceito da revista, ultimamente tenho tido umas conversas surreais com uns artistas (habitualmente romenos) que se aproveitam da pressa do trânsito nos semáforos para ludibriarem o cidadão incauto. Habitualmente a discussão versa a actualidade da edição em apreço: não é incomum encontrar à venda em Julho a revista de Dezembro.
Mas hoje a coisa foi mais singular. O rapazinho, que enquanto a coisa lhe correu de feição falava um português fluente, tentava vender-me uma edição (embora de Julho) já amarela e com ar de que tinha estado à chuva. Mais. Pedia-me três euros e meio porque na capa está escrito que setenta por cento do preço de capa reverte para o vendedor. Como o preço de capa é de dois euros, explicava-me o meliante que tinha que lhe encavalitar mais setenta por cento (um euro e meio) em cima para pagar o seu trabalho.
Perante a minha recusa em lhe dar mais que dois euros, mostrou-me um dente cariado e disse que precisava de medicamentos. Disse-lhe que ou ficava assim ou não queria revista nenhuma e ameacei fazer queixa dele. Fizemos negócio já com ele a só saber falar romeno e garantidamente a mandar-me para sítios que nem eu sei onde ficam, provalvemente na companhia da minha mãezinha.
Em suma, prestou um tristíssimo serviço aos que realmente vendem a revista porque precisam.
Está visto que os pobres não precisam dos ricos para lhes lixarem a vida: os seus pares encarregam-se disso.
Nós patrocinamos algusn eventos de futebol de rua da Cais.
ResponderEliminarTomei a liberdade de os informar do teu post, espero que não te importes.
Acredito que fuja ao seu controlo e acabem por não ter poder para fazer muito mas...