quarta-feira, 30 de novembro de 2011

dels caganers

Os Caganers são uns simpáticos bonecos de presépio espanhois.
Reza a lenda que cumprem desde o sec XVIII a produtiva função de adubar o solo "presepial" de modo a torná-lo rico e próspero.
Nenhum espanhol que se preze arrisca deixar o musgo à sua sorte: todos têm um caganer.
Como o nosso Natal vai ser cada vez menos natalício, propõe o chacomporradas que, à semelhança da árvore da Lapónia e do velhote da Coca-Cola (simbolos de economias pujantes, diz-que), passemos a enriquecer a nossa quadra com uma tradição de um país mais aconchegante: assim um país da nossa liga - um PIG como nós.
Vamos todos comprar um caganer e colocá-lo em posição de destaque na noite de consoada enquanto nos debatemos com uma bela posta de paloco da Islândia. Uma belíssima homenagem a todos quantos nos acham relapsos.
Quando acharmos que o mundo tem maturidade para tanto, podemos criar a nossa própria mascote natalícia. Manda a evolução da coisa que procuremos uma peça de artesanato das Caldas, que já ostenta um gorro "à Pai Natal". Um digno concorrente do caganer, apenas que em posição menos submissa - um altivo herdeiro das tradições ibéricas. Um sinal de respeito para quem nos quer manter pobres, submissos e deprimidos.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

da deslocalização

(Foto roubada ao Dr. Pacheco Pereira por falta de lembrança para testemunhar o ocorrido - o sítio e o carro são os mesmos)

A partir das bordas de Setembro é vê-los, arrumado que está o carrito dos gelados, a sacolejar a lata.
"Quentes e boas" embora o calor da tarde nem sempre puxe por elas. Marcam presença na Praça oito de maio, praça do Sansão para os amigos, ainda o Verão aquece as lajes do pavimento. Oito de maio, consta, por homenagem à passagem por Coimbra do Duque de Saldanha, aquando das lutas liberais que sacudiram o país. Habitualmente dois ou três vendedores, nunca menos.
Hoje chove mas é verão. O de S. Martinho, diz apenas o calendário, porque tudo o resto o nega. Não está propriamente frio, mas a pinga a que alude o dia, hoje é mesmo de água.
Aperaltei-me de gabardina e rumei à demanda de castanhas. Tarde tristonha, calmaria no trabalho, o equivalente a tempo livre entre mãos. Nunca me apetrecho de guarda-chuva, mas desta vez fiz mal: o tempo está morno, mas a chuva que se aloja entre o colarinho e o pescoço é fria.
Na praça, em pleno dia de S Martinho, apenas um vendedor de castanhas. Atulhado de fregueses, o carrito baforejava gorgolejos de fumo para cima do povo enquanto a velhota reclamava da sorte "Logo hoje, que há negócio para dez, é que fugiram todos". E o povo, em magote à chuva, comentava a ausência de oferta à altura da procura.
De lado, o homem atiçava o lume. "Não dá para mais", explicava-se "só consigo assar cinco dúzias de cada vez".
Esperei.
Muito.
Encharcado e farto, colapsei quando sete pessoas à minha frente, uma moça atirou um "eu quero vinte dúzias".
Compra em grupo...
Será que foi só hoje? Será que a crise atiçou a tradição e a coincidência levou os outros vendedores a ficarem em casa com medo da chuva? A verdade é que quem estava encheu o papo e só não encheu mais porque, por falta de despacho, viu muitos fregueses abandonarem o recinto.
Afortunadamente, a Estação Doce fica-me em caminho e pude aquecer o corpo e a alma com uma meia de leite e uma torradinha de pão de forma onde detectei um pouco comum sinal de mistura; um toque crocante lambido de manteiga - da verdadeira.
Soube-me pela vida...

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

do amor pela Patria ou simplesmente é tudo a mesma sucata


No parlamento italiano há cerca de duzentos deputados que carregam Berlusconi às costas apenas porque se forem marcadas eleições antecipadas antes de Janeiro podem não ser reeleitos e com isso perdem o direito à pensão vitalícia.
A Itália tem uma dívida externa que corresponde a cento e vinte por cento do produto interno bruto, num total de um vírgula oito triliões de euros.