terça-feira, 31 de agosto de 2010

do ponto de Vista


As nossas autoridades mudaram de opinião.
Onde antes se lia que a maioria dos incêndios aconteciam porque sim, deve agora ler-se que a maioria dos incêndios acontecem como resultado de comportamentos negligentes ou dolosos. Segundo as palavras sábias de um representante de uma dessas autoridades - "A mata não arde sózinha".
Abriu-se com isto todo um novo mundo de conjecturas. Já é permitido agora perorar sobre as razões que podem levar um individuo a lançar fogo a um matagal. Porque é maluquinho ou porque tem por trás toda uma pérfida industria de pirómanos que engordam a cada hectare ardido.
Eu, que embora só goste de falar do que sei, tenho a mania de ter opinião acerca de tudo e, pior, de expor essa mesma opinião.
Hoje mesmo, em conversa de circunstância, soltei o meu lado de treinador de bancada e vai de teorizar sobre as vantagens que advêm dos incêndios para os "gajos". Entende-se por "gajos", toda a corja que enche os bolsos com a desgraça alheia. Não vou obviamente fulanizar a coisa, mas como estou em modo "treinador", posso sempre utilizar uma frase célebre: vocês sabem a quem me refiro.
Pela frente tinha, sem o saber, o familiar de um piloto contratado para o combate a incêndios, que me confirmou já ter feito conversa semelhante ao tal parente.
Obteve uma explicação curta e grossa: "As empresas que alugam os aviões para o combate aos incêndios, ganham muito mais se não houver incêndios do que se houver." 
E afinal tem lógica.
Os aviões são contratados por um preço fixo por um determinado período de tempo e para uma determinada área. Todos os custos correm por conta própria. Incluindo o combustível. Se houver incêndios, há saídas e gasta-se combustível. Se não houver incêndios, fica-se em terra e poupa-se uma pipa de massa.
Riscado o suspeito da minha lista, acabo a pensar com os meus botões que se calhar acabaria por ficar mais barato ao país equipar aviões da Força Aérea para o combate a incêndios (li algures que isso é possível) do que continuar a pagar a terceiros que ganham o mesmo, quer trabalhem quer não.
Afinal o ponto de vista acaba por ser o mesmo.

domingo, 29 de agosto de 2010

da lógica e da Batata


Partindo do princípio de que a água não é um alimento e de que o consumo do leite não é tão consensual como pode parecer (somos o único mamífero que bebe leite pela vida fora - ainda por cima leite de outra espécie), partindo desse princípio posso afiançar que o chocolate deverá ser o alimento mais consensual do mundo. Talves emparelhando com o pão. Isso não sei.
Mas sei que logo abaixo, dois, três níveis abaixo, estão as batatas fritas.
Desconfio de quem não gosta de batatas fritas. Tenho sincera pena de quem não as pode comer. Abomino quem as despreza.
Existem dezenas de espécies de batatas, bastante menos do que as que existiam há apenas 50 anos, tudo em nome da cultura intensiva, o que facilita a escolha de uma boa batata para fritar.
Podemos fritar batatas cortadas das mais variadas formas e tamanhos: desde o finíssimo "cabelo de anjo" à robusta e suculenta "ponte nova", desde a rendilhada "gauffre" à inchada "souflé".
Existem até fritos mais elaborados como as "rissollées" ou os fartos de batata que tomam o nome "dauphinoises".
A batata é um tubérculo fantástico que só a fome obrigou a comer deste lado do Atlântico. Foi desprezada durante anos, recebendo a sempre simpática alcunha de "maçã do diabo". Entre as primeiras trazidas por Colombo e a sua democratização, passaram-se longos anos.
Coube a Auguste Parmentier o pesado fardo de convencer o povo de que era melhor comer batatas que morrer à fome. Com assinalável sucesso, sublinhe-se. 
A mais famosa das batatas fritas é a "chip". Finíssima lâmina de batata, lavada e seca antes da fritura em óleo bem quente, resulta, com uma pitadinha de sal, num manjar crocante e extremamente saborosa. Há quem afiance que deve ser frita com casca para melhorar o sabor. Concordo.
Deve-se a um acaso (feliz), o aparecimento da batata chip.
Reza a lenda que um cliente de um afamado restaurante francês se queixava recorrentemente da espessura dos palitos de batata que lhe eram servidos.
Um dia, e após algumas queixas, o cozinheiro resolveu dar uma lição ao cliente desagradado apresentando-lhe um prato de batatas fritas cortadas tão finas quanto a faca lho permitiu. Foi um sucesso. E perdura.
A industria rápidamente investiu nesse novo produto e não tardaram exemplares industriais de batata frita chip, devidamente embalada, crocante e salgada. Cada vez mais salgada.
Só já em pleno seculo XXI começaram a aparecer as primeiras preocupações visíveis com o nível de sal das chamadas batatas fritas de pacote.
"Hatherwood" é a marca de produtos ingleses do Lidl. Já provei praticamente tudo: desde uns belíssimos "baked beans", a uns sumptuosos pedaços de "fudge" enriquecidos com chocolate, tudo se encontra. "Shortcakes" de altíssimo gabarito e até compotas muitíssimo competentes- "marmalades" e doces de frutos silvestres.
Penso que por esta altura não preciso de o escrever, mas sou fã.
Nunca tinha dado grande importância ao vinagre de malte nem às batatas fritas, mas decidi experimentar. Ainda não o vinagre e apenas um dos tipos de batata chips: "Lightly salted". Há outras, com sal e pimenta preta, com sal e vinagre...
Estas "Lightly salted" são, de longe, as melhores batatas chips industriais que tive o privilégio de provar. São extremamente saborosas, pouquíssimo salgadas, crocantes, e com uma textura semelhante às caseiras.
Fascinei.
Pelos vistos há outros: na net encontrei testes comparativos (aparentemente independentes) onde esta marca arrasa a concorrência. Concorrência de peso, alguma.

do JotaPê

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

da escola


No meu concelho vão fechar sete escolas do ensino básico.
Vão fechar porque não reunem os mínimos olímpicos para permanecerem abertas e, olhando apenas por esse prisma, trata-se de uma coisa triste.
E é triste, não porque fecham as escolas, mas porque esse encerramento é o resultado (e não a causa) de um leque enorme de problemas: desertificação, diminuição da natalidade, mudança de valores, alteração dos hábitos sociais...
Eu concordo com a medida. Aliás, concordo com a medida e concordo com a solução. Acho até que é das poucas medidas realmente estruturantes que foram feitas em prol do ensino em Portugal nos últimos anos.
A imagem do miúdo do interior que de manhã vai à escola com mais três colegas e à tarde vai levar o rebanho a pastar, pode ser uma imagem de felicidade, mas não é garantidamente aquilo que os pais desejam para o miúdo. Perde a felicidade toda no dia em que acabarem as ovelhas para levar a pastar, o mesmo dia em que o miúdo descobrirá finalmente que existe mais mundo. E que lho tiraram antes de lho dar.
Só quem conhece tem capacidade para escolher. O futuro não pode ser cerceado em nome de uma identidade local que já não existe. Os emigrantes já não regressam como dantes, as galinhas já não sabem ao que sabiam antes, já não há carne na salgadeira, a broa já não dura uma semana. O mundo mudou e acho extremamente triste, egoísta até, que se usem os elos mais fracos da sociedade para manter cativa uma realidade que já não tem nada de real. Se os adultos não a conseguiram preservar, não caberá às crianças que não a conheceram o trabalho de a recuperar.
Espero sinceramente que os centros educativos se instalem, que cumpram aquilo que se propõem fazer, que sejam ilhas de excelência e de igualdade de oportunidades entre iguais que a geografia teimava em diferenciar. Tudo em nome de uma escola pública forte e competente.
Cabe agora à sociedade fazer a sua parte: garantir o transporte destes cidadãos entregues à sua guarda, nas melhores condições de segurança e conforto - eles, mais que ninguém, merecem. Isso sim, é um investimento.
No final, quem quiser ir guardar ovelhas, pode ir. Mas porque quer e não porque não tem alternativa.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

do cacimbar



Ele há momentos mágicos.
Entrei no carro há bocado, começou a chover e quando liguei o rádio apareceu isto.
Dificilmente encontraria melhor banda sonora para uma viagem à chuva num dia que, não fora a temperatura, poderia muito bem ser um dia de Outono.
Uma belíssima música de Michel Legrand, saídinha directamente dos "Chapéus de Chuva de Cherburgo".

domingo, 22 de agosto de 2010

da crua realiDade


"Podemos fazer tudo o que quisermos, mas a verdade é que o Verão terá sempre moscas"
Ralph Waldo Anderson

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

da bioTecnologia



De repente veio-me à memória que em 1996, quando me liguei à net com o meu "netpac" e a minha linha analógica de 58k, comprei um livro com endereços de websites catalogados por assunto.
Não quero mentir, mas penso que foi editado por José Magalhães, esse mesmo, o deputado, considerado na altura o supra-sumo da internet em Portugal.
Hoje, o supra-sumo deve ser algum miúdo com a cara cheia de borbulhas e uma vida social mal resolvida. Ou talvez não.
Porque a internet, afinal, não passa do sonho americano expandido para píncaros ilimitados. Por aqui qualquer um pode ser aquilo que quiser. Qualquer um pode ser qualquer outro.
É fascinante e ao mesmo tempo assustador.
O que está em cima da mesa neste momento é precisamente o único limite da rede: o limite humano. A única coisa que impede que a tecnologia ao serviço da internet vogue a velocidades astronómicas, somos nós.
O travão principal são os interfaces: os ecrans, o som, os teclados. A barreira entre a biologia e a tecnologia.
No momento em que o inpensável está a acontecer, em que os telemóveis comem diariamente quota de mercado aos computadores no acesso à internet, em que o ser humano acha fantástico ver filmes em ecrans que têm cinquenta vezes menos dimensão que o ecran normal de um televisor, a biologia começa a deixar-se conquistar no seu próprio espaço. Não é a máquina que se adapta ao Homem, é o Homem que tem que se adaptar à máquina.
Sinceramente, tenho dificuldade em decidir se isso é bom ou mau...

sábado, 14 de agosto de 2010

do Fogo


O Estado Português assemelha-se a uma criança mimada. Despreza o que tem, mas está sempre a exigir mais.
Escrever aqui que considero o Estado Português um péssimo gestor seria uma brutal redundância, mas mesmo assim arrisco.
De facto, o Estado Português é um péssimo gestor.
É um péssimo gestor quando está mais disponível para receber que para pagar.
É um péssimo gestor quando não tem noção exacta do número de funcionários a quem paga.
É um péssimo gestor quando despreza o próprio património e apenas se desfaz dos excedentes quando já não têm qualquer valor patrimonial (e mesmo assim sonha com encaixes fabulosos).
É um péssimo gestor quando quer controlar tudo e acaba por não controlar nada.
É um péssimo gestor quando em vez de regular os mercados se imiscui no seu desenrolar natural e altera as regras a seu bel prazer.
É um péssimo gestor quando quer mandar no bem alheio, apesar de não cuidar do bem próprio.
Todos os dias assistimos a manifestações desta arrogância.
Agora são os incêndios.
O país arde e as medidas de prevenção ficaram na gaveta. Há quem ache que interessa mais combater que prevenir. Sabe-se lá porquê. Eu até adivinho, mas não me apetece falar nisso.
A mais crua das verdades é que sempre que a natureza nos brinda com um ano mais calmo neste particular dos fogos florestais, logo aparece um qualquer achadiço (normalmente com responsabilidades) a explicar que tudo se deve às políticas de prevenção e ao esforço do Estado (não vou particularizar governos porque é tudo igual) que pôs em prática políticas infalíveis e cujo resultado se demonstra.
Quando a coisa corre mal, a culpa é do povo que não limpa a mata.
E porque o povo não limpa, há que castigar o povo com mão pesada. Obrigar a limpar e fiscalizar o resultado poderia ser um caminho, mas está visto que dá trabalho e afinal os portugueses não são suissos, nem finlandeses nem noruegueses nem outro povo dos que que fazem as coisas logo à primeira.
Não.
O castigo mais assertivo será obviamente tomar posse das matas desprezadas e enriquecê-las com o know-how que o Estado utiliza nas suas próprias matas. Continuam porcas, mas são um bem público, logo deverão ser alvo de outro tipo de respeito.
O fogo, que se sabe ser estúpido nestas coisas da propriedade, cedo descobrirá que lavra à mesma velocidade, quer se trate de bem privado quer se trate de coisa pública.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

da Cais


Tenho um enorme respeito pela revista Cais. Tenho respeito por quem inventou o conceito, por quem patrocina, por quem faz a revista e mais que tudo por quem tem necessidade de a vender.
Não digo que compro todos os números, mas tenho comprado bastantes.
E porque conheço o espírito e o conceito da revista, ultimamente tenho tido umas conversas surreais com uns artistas (habitualmente romenos) que se aproveitam da pressa do trânsito nos semáforos para ludibriarem o cidadão incauto. Habitualmente a discussão versa a actualidade da edição em apreço: não é incomum encontrar à venda em Julho a revista de Dezembro. 
Mas hoje a coisa foi mais singular. O rapazinho, que enquanto a coisa lhe correu de feição falava um português fluente, tentava vender-me uma edição (embora de Julho) já amarela e com ar de que tinha estado à chuva. Mais. Pedia-me três euros e meio porque na capa está escrito que setenta por cento do preço de capa reverte para o vendedor. Como o preço de capa é de dois euros, explicava-me o meliante que tinha que lhe encavalitar mais setenta por cento (um euro e meio) em cima para pagar o seu trabalho.
Perante a minha recusa em lhe dar mais que dois euros, mostrou-me um dente cariado e disse que precisava de medicamentos. Disse-lhe que ou ficava assim ou não queria revista nenhuma e ameacei fazer queixa dele. Fizemos negócio já com ele a só saber falar romeno e garantidamente a mandar-me para sítios que nem eu sei onde ficam, provalvemente na companhia da minha mãezinha.  
Em suma, prestou um tristíssimo serviço aos que realmente vendem a revista porque precisam.
Está visto que os pobres não precisam dos ricos para lhes lixarem a vida: os seus pares encarregam-se disso. 

terça-feira, 10 de agosto de 2010

da Pimenta



Hoje o dia correu-me bem. Estive fechado no gabinete a despachar papelada acumulada e a coisa até rendeu.
Tive saudades do tempo em que se podia fumar por aqui, mas como isso não é possível, pus a discografia do Rui Veloso (tudo seguido) na vitrola e deliciei-me. Só faltou mesmo o charutito.
Apeei-me mais pormenorizadamente naquele que é provavelmente o album menos conhecido do Rui: o Auto da Pimenta. Apeei-me mesmo: parei, escutei e olhei. E confirmei que é um grande album. Um disco mais elaborado, mais profundo, sim, bastante mais difícil de entrar no ouvido, mas de uma intemporalidade ainda mais marcada que a esmagadora maioria da obra dele.
Um disco para re-ouvir. E para colocar num lugar de destaque de modo a poder voltar-se a ele sempre que o ouvido pede cultura.

do Star Wars a brincar


(by appointment of the Jedi António Pedro Costa)

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

da Cultura


Eu gosto da nossa ministra da cultura. Gosto da senhora, acho que tem pinta. Como ministra não faço ideia se é boa ou má. Na pasta dela, se há dinheiro é-se bom, se não há, nicles. Parece-me que aqui há tempos houve qualquer coisa em que a senhora foi desautorizada pelo chefe. Não sei muito bem o que foi, mas fiquei chateado.
A senhora tem um ar aristocrático. Representa muito bem o meu ideal de artista. Não é como a Olga Prats que parece que não toma banho ou como a Maria João Pires que parece sempre que acabou de limpar a cozinha e ainda vem a limpar as mão ao avental.
E ainda por cima, consta que sabe tocar piano.
Desejo-lhe muitas felicidades neste (pouco) tempo que lhe resta no cargo.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

do hot Christmas



Existe, quer dizer, eu sinto um certo prazer em ver filmes cheios de neve e frio e lareiras quando lá fora está um calor infernal.
O contrário já não tem a mesma piada.
Ontem vi no Hollywood um filme de Natal.
E gostei.
Bastante mesmo.
Aliás.
Candidata-se a ocupar o lugar ao lado do "Wonderful Life".
Primeiro tenho que o arranjar, o que se tem revelado um pouco difícil.
Em português chama-se "Um Natal em família".
Claro que de Americano só tem o sítio e o sonho. Tudo o resto é porto-riquenho.
E ainda bem porque oa americanos têm uma maneira piegas de lidar com a época festiva.

da violência


E a mão, pesada e dura, abate-se sobre o corpo mole...
Sílvia aperta a cabeça entre os pulsos.
Mais que a impressão da dor, aterroriza-a o som.
E corre, foge desalmada pela escada abaixo. Tropeça no último degrau e cai.
Levanta-se e corre.
Irrompe pela rua fora, escura como breu e apenas salpicada pelos candeeiros que a chuva teima em desfocar. Sílvia corre pela rua fora e chora.
Foi ela a culpada. Pensa.
E corre e de novo tropeça. E foge enquanto a mãe, mole, um corpo branco, baço, sem vida. Enquanto a mãe recebe a dádiva do terror diário. Enquanto a mãe apanha os cacos de uma relação que nunca o foi.
E o bruto, outrora pai, levanta a mão.
E a mão, pesada e dura, abate-se sobre o seu corpo mole...
E Sílvia pára. E senta-se no muro do jardim a ver as flores. E vê os casais que correm a fugir da chuva. E ela que não sente a chuva. Nem as lágrimas. Nem a dor da mãe.
E a mãe, desfalecida às mãos do bruto, geme...
Mas Sílvia nada ouve.
A sua cabeça martela-lhe apenas uma frase:
-O arguido deve apresentar-se duas vezes por semana na esquadra da sua residência, aguardando julgamento em liberdade.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Toy Story 3


A Pixar sabe como colocar uma lágrima no canto do olho de um homem grande.
Este Toy Story 3 é a versão "Mainstream Cinema" da triologia: é um filme com profundidade, que joga com sentimentos, que transmite uma mensagem. Podia ser filmado com personagens de carne e osso.
Imperdíveis as cenas em que Buzz Lightyear se encontra no seu modo "Espanhol".
Dizer que é um filme bem feito começa a ser redundante. Neste momento já ninguém se admira com as capacidades da animação por computador. Mas é um belíssimo filme.
Entre bastantes influências, reconheci explicitamente "Animal Farm" de George Orwell, o que não é questão de somenos importância se estamos a falar de um filme para crianças.
É sempre a bombar, desde a mini animação inicial até ao finalzinho do genérico, com os Gipsy Kings em grande estilo.
Eu voltarei a ver sem esforço.
Disponível em 3D em certos cinemas - quem quiser poupar dois aéreos pode levar os óculos.

da Evolução


O pequeno sulco que todos possuímos entre o nariz e o lábio superior tem apenas uma função: canalizar um fluxo de ar para dentro da garrafa de "mine", fluxo esse que permitirá uma saída constante do néctar e evitará os constrangimentos provocados pela formação de vácuo no interior da garrafa. 
A teoria da evolução desenvolvida por Charles Darwin resume-se hoje àquilo que é conhecido como processo de tentativa/erro, mas um pedaço mais lenta. 
Segundo Darwin, num processo que pode demorar centenas de gerações, a natureza selecciona os mais aptos e provoca assim uma evolução no sentido de uma maior adaptação ao meio envolvente.
Darwin morreu há cento e picos anos, logo será sensato presumir que já teria o tal sulco entre o nariz e o lábio superior, mesmo que tapado pelo bigode. Será também acertado presumir que no tempo de Darwin já existiria cerveja. Menos provável seria que já fosse comercializada em garrafas, o que me acaba de colocar no papel do cientista. 
A pergunta que Darwin não fez e que hoje me atrevo a formular (afinal eu já tenho mais cento e picos anos de evolução que ele), a pergunta teria mais ou menos os seguintes contornos:
"Se a natureza evolui numa lógica de tentativa erro. Se cada solavanco na evolução pode demorar milhares de anos. Se a garrafa de "mine" foi inventada há não mais que quarenta anos. Em que raio é que a natureza se baseou para nos fazer nascer um sulco entre o nariz e o lábio superior, cuja utilidade é apenas a supracitada?"
Se o Vaticano estiver atento, agarra-se a esta minha dúvida.
Tem muito mais lógica a história de um tipo que vivia no paraíso e, à falta de um amigo a quem contar que andava a pecar com uma jeitosa, tinha que consumir os tempos livres a beber umas "mines" para descomprimir.  
Daí a necessidade de alguém inventar o sulco!

Desert Rose