quinta-feira, 31 de julho de 2008

A música da Pampilhosa

A intenção era outra, mas gostei destes bacanos.

Kunami do melhor!

Plano tecnológico

Um exemplo das multiplas funcionalidades dos novos quadros interactivos que vão equipar as nossas escolas.

Onde está o plano B?

Consta que o petróleo já atingiu o "pico", que é como quem diz, já queimámos metade do ouro negro existente no planeta. Com o consumo que temos hoje, é garantido que a segunda metade vai durar muuuuito menos que a primeira.
Em declarações à TSF, o presidente da Iberol (produtor português de biodiesel) disse que não serve de nada a intenção dos 10% de incorporação até 2010 porque a Petrogal não vai incorporar bio combustíveis no gasóleo ou na gasolina. Adiantou até que nem o Primeiro Ministro, apesar de voluntarioso, conseguirá obrigar a empresa a tal procedimento (o que, a ser verdade, apenas confirma a tese de que Portugal será um país com uma taxa de governabilidade baixita) porque essa incorporação obriga a investimentos elevados.
Por outro lado, existe quem diga que o biodiesel só serve para desenrascar porque entope os motores.
Há ainda aquele pequeno pormenor dos países famintos que passarão a famélicos caso se passem a utilizar os bio combustíveis em larga escala.
As energias renováveis "tradicionais" estão a fazer o seu caminho, mas é pouco provável que a percentagem da sua utilização no computo geral mundial alguma vez atinja os dois algarismos.
A discussão sobre a energia nuclear continua de uma forma mais apaixonada que técnica.
Com o seu habitual romantismo, Portugal pôs em causa o andamento do plano hidrológico por causa de umas pinturas rupestres que, comprova-se hoje, estão tão abandonadas agora como antes. Retoma agora o plano, mas o tempo perdido já lá vai.
Segundo informação que de vez em quando circula na net (a comprovar sempre) já ouve testes efectuados em cidades americanas com veículos de propulsão eléctrica que foram abandonados precipitadamente sem razão aparente.
Os veículos alimentados a pilha de hidrogénio estão cada vez mais evoluídos, mas não o suficiente para serem uma aposta segura.
Tenta-se tudo e em teoria tudo resulta, mas a prática demora a arrancar.
A geração que cresceu a ver televisão, habituou-se à ideia de que existia no mundo alguém com inteligência e poder suficientes para se encarregar de acautelar o nosso futuro.
É triste ver o Homem, aquele mesmo que conseguiu viajar até à lua há praticamente 40 anos, a não conseguir prever e precaver-se para este futuro que é cada vez mais presente.
Misturo aqui realidades nacionais com mundiais porque desta vez parece que estamos todos no mesmo barco. E nem sequer pretendo que isto seja um rigoroso comentário científico porque não tenho bases para o saber fazer.
Só quero saber uma coisa: há ou não há plano B?

O tabu


O Senhor Presidente interrompeu as férias porque:

a) Está a chover no Allgarve
b) Desde 1986 que não andava tão desconfiado
c) Acabou-se-lhe o dinheiro
d) Está há mais de dois anos em lista de espera para uma cirurgia e vai pedir explicações
e) Não se entende com o funcionamento do Magalhães
f) Tem uma solução para a crise
g) Não tem solução para a crise e vai pedir-nos para termos paciência

Eu apostaria na última, mas o meu nível de confiança anda baixo.



quarta-feira, 30 de julho de 2008

Fresquinha

Não se esqueçam deste nome: Renee Olstead.

É filha do Bill e da Judy.

Não sabem quem são?

Eu sei!

The regulamentation

Afinal não é proibido fazer massagens nas praias do Algarve.
Alívio!
O que mudou é que agora vai existir regulamentação. Parece que alguns produtos usados ou não são eficazes ou podem ser potencialmente prejudiciais.
A aferição da competência técnica dos oficiais também está a ser estudada.
Mas subsistem algumas dúvidas:
Espalhar protector é considerado massagem?
Utilizar protector solar de ecran total requer o serviço de um profissional?
E os horários de exposição?
Os tratamentos nocturnos têm a mesma regulamentação dos diurnos?
Afinal o código do trabalho atribui um subsídio correspondente a 50% do ordenado base, ao trabalho efectuado entre as 22h e as 7h da matina. Como esse subsídio pode ser alterado em sede de CCT, há que regulamentar atempadamente porque o Verão acaba daqui a menos de dois meses e na praia, à noite, as condições são mais adversas.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Serviço público

Bunny Ranch (o rancho das coelhinhas) é um reality show sobre o dia a dia de uma casa de meninas no Nevada.
É tudo legal, tem um ar limpo e seguro e nenhuma das moças aparenta ter sido traficada da Ucrania, do Brasil ou das Filipinas. Se vieram, foi certamente pelo seu pé.
Vê-se empenho e sente-se alegria no trabalho. Trabalho por vezes árduo mas sempre brioso: no Bunny Ranch toda a gente dá o peito às balas. A sério!
O dono da casa é um tipo careca, já entradote e com um ar respeitável.
Um simpático!
Passaria facilmente por pacato pai de familia, não fosse a linguagem libertina que utiliza, mas que até se integra bem no ambiente.
O estabelecimento apresenta um serviço virado para o cliente como mandam as mais modernas técnicas de gestão e o cliente sai sempre, pelo menos, satisfeito.
Satisfeito ou aliviado, consoante o motivo da visita seja a recreação tout cours ou a mais básica das necessidades!
Dá na Sic Radical, mas tem potencial para poder ser exibido no Canal 2 da RTP em horário nobre. Apenas o nefasto rótulo de reality show impedirá certamente Jorge Wemans de comprar este formato. Não vejo mais nenhuma razão.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

A tinhosa

Esta melga com ar trigueiro e pés de elefante foi responsável pelos maiores traumas da minha infância.

As tardes de domingo, já de si deprimentes, ficaram piores. Mais ainda porque, por norma, os trabalhos da escola ainda estavam por fazer.

A partir de certa altura a coisa piorou. Já estava habituado ao calvário da Clara que era paralítica e que chorava desalmadamente (choravam todos) quando, por puro sadismo, a RTP resolveu começar a emitir as aventuras (desventuras digo eu) de Miguel Strogoff, que ficou cego logo num dos primeiros episódios. Ainda hoje sonho com aquela espada em brasa que lhe passaram em frente dos olhos.

Uma profundíssima depressão era garantida todos os finais de tarde de domingo.

Foram tempos difíceis!

Perante tal cenário, as manhãs de segunda feira chegavam a ser esperançosamente aguardadas.

Se fosse hoje, de certeza que eu teria sido acompanhado pelo psicólogo da escola e ter-me-iam colocado numa turma de curriculum alternativo. Essa falha nos métodos pedagógicos de então pode ter ajudado a construir uma personalidade conturbada.

Ultrapassada essa fase, chegou o Marco.

Com esse, chafurdamos já nos lodaçais do masoquismo...

Fica para outra altura.

É melhor!

O gosto

Será correcto um programa de culinária na nossa estação pública de televisão apresentar pratos confeccionados com trufas que custam por unidade (mais ou menos o tamanho de uma castanha) quase tanto como recebe por mês um reformado?
Um reformado colocou a pergunta sensivelmente nestes termos ao Provedor do telespectador da RTP.
Pode parecer obsceno, mas é correcto.
É correcto, é educativo e é serviço público.
É tanto serviço público como apresentar a D. Felipa Vacondeus a confeccionar arroz de cordões dos chouriços.
No primeiro caso temos educação para o luxo e no segundo educação para o desenrasque. Tudo aquilo que nos possa elucidar ou enriquecer em termos pessoais é educação. Tudo o que educa sem alienar é cultura.
Cultura é sempre serviço público.
Se eu fosse Provedor, escreveria ao dito reformado uma carta simpática, porque a merece, com o seguinte conteúdo:

"Caríssimo leitor,
Não se dê ao trabalho de deixar de comprar o que quer que seja para tentar saber o que é isso das trufas. Não valem o seu esforço, nem o de ninguem que precise de esforço para as poder comprar. São daquelas coisas que são boas apenas porque são caras e ainda há muita gente no mundo que as pode comprar sem esforço.
Mas nunca se esqueça, caríssimo leitor, da lição mais importante no meio disto tudo: o simples facto de existirem no mundo pessoas com dinheiro para comprar trufas sem esforço, permite que em algumas regiões da França e da Itália, haja pessoas que consigam com isso pôr pão em cima das suas mesas. As trufas são como os diamantes: muito trabalho para pouco resultado."

Comparar os dois exemplos de que falei acima é como comparar um quadro de Rembrandt com um anúncio da Robbialac: nos dois casos temos pintura...


Tem tudo a ver com a crise.

(cartoon - Jornal Público)
Perdemos o campeonato da Europa de hoquei em patins com um golo mal anulado.
Na final do campeonato mundial de Kickboxing ou full-contact ou lá como se chama aquilo, um atleta português levou um enxerto de porrada com alguns golpes legais e muitos ilegais sob o olhar de um arbitro que nesse dia se esqueceu das lentes de contacto. Consta que mesmo depois do combate ter terminado ainda comeu algumas, tudo à vista de toda a gente.
Na Alemanha, Nelly Furtado cantou o tema Força (hino do Euro 2004 encomendado e pago pela FPF) empunhando uma bandeira alemã enquanto as bailarinas dançavam com camisolas do equipamento da selecção.. alemã.
Por cá, o crédito mal parado subiu 50%, o Estado distribui um milhão de euros por dia só no RSI, a mortalidade infantil inverte o seu ciclo anual de diminuição e o maior banco privado português está a ver os lucros a cairem a pique.
Quando estamos na mó de baixo, ninguem nos respeita.
Até os ciganos de Loures faltaram à marcha onde deveriam reconciliar-se com os vizinhos.
Só o aquecimento global é que não quer nada connosco. Há três dias que praia, nem vê-la!

sábado, 26 de julho de 2008

Beleza pura

(Alvar Aalto - Paimio Chair (projecto de perfil) 1933)
O belo é simples, eterno e intemporal

Parabéns a você

A Associação dos Bombeiros Voluntários da Mealhada faz hoje 81 anos.
Votos de sucesso sempre que forem chamados a servir e que sejam chamados poucas vezes o que é sempre bom sinal.

A outra M80

Quando querem, os americanos desenham os carros mais bonitos do mundo.

Filipa disse...


Filipa disse...
Ninguém ma pediu a divulgação mas já que estamos nessa onda aqui vai...Festa da rádio M80 no dia 1 de Agosto no Vinyl Summer (antigas 3 Chaminés) na Figueira da FozQuando os anos 80 começaram eu ainda nem andava na escola... e no entanto, provavelmente porque em minha casa sempre se ouviu muita música, ficou-me "uma certa paixão" e infindáveis memórias com banda sonora dos anos 80!E depois... estou farta das discotecas de house, chiLl out e estilos afins... confesso que a maior parte das vezes me soa tudo igual e é uma seca dançar sempre no mesmo ritmo!A rádio é M80 mas a festa será com músicas dos anos 70, 80 e 90. Confessem lá... não tem saudades? Nem têm de trair o Alex...só sair mais cedo!E, por que estou a ouvir a M80, acabo de receber uma dica de um grande senhor: o BRIAN FERRY disse-me para vos dizer DON'T STOP THE DANCE!
26 de Julho de 2008 9:58
Eu acrescento apenas como informação adicional que pode ser ouvida online ou em 103.00 (zona centro) nos radios convencionais

O Gourmet

A C.P.L.P. é uma coisa simpática. Nasceu no dia em que foi exibido o primeiro episódio de Gabriela Cravo e Canela na televisão portuguesa e vai morrer no dia em que o Brasil resolver oficializar o "brasileiro" como idioma.
Tal como uma boa dúzia das associações de que Portugal faz parte (nós gostamos muito da vida associativa), a C.P.L.P. tem uma actividade residual apenas acordada do seu torpor quando é necessário fazer cimeiras ou elaborar acordos ortográficos para fazer evoluir o tal idioma "brasileiro".
Este final de semana (não é fim de semana em brasileiro, é mesmo Quinta e Sexta, final da semana) pusemos o nosso mais bonito fraque para receber os altos dignatários dos países onde algumas pessoas ainda falam português e uma boa mão cheia de observadores.
Tirando o Brasil, Timor e alguma regiões mais desenvolvidas de Portugal, todos os restantes países da C.P.L.P. se situam em África. Um tal aglomerado de líderes africanos obriga sempre a especiais medidas de segurança, quanto mais não seja porque alguns dos seus dilectos concorrentes políticos estão exilados por estes lados e com imensas saudades de casa.
Os nossos governantes têm por hábito convidar para festins similares algumas personalidades (como hei-de dizer) a quem eu não emprestaria o meu cartão multibanco. Ultimamente tivemos Kadafi no parque de campismo do Inatel da Costa da Caparica, Mugabe num sítio de certeza caríssimo (só sabe lidar com notas de milhões) e agora um cromo mais raro que os do Eusébio: uma respeitável personalidade de apelido Nguema que governa a Guiné Equatorial de um modo que pode ser apelidado de "musculado".
Tal é a unanimidade deste senhor que nas ultimas eleições, o seu partido elegeu 99 dos 100 deputados que compõem o parlamento do seu país. Não conheço o desgraçado que representa a oposição, mas acredito que, ou tem uns testículos pretos e rijos ou consome L.S.D.
O ambiente na Guiné Equatorial é tão aprazível que no início dos anos noventa, o embaixador dos E.U.A. resolveu tirar uma férias e não regressou.
Nguema chegou ao poder derrubando o primeiro presidente do país que por acaso era seu tio. Derrubou no sentido literal do termo: a tiro.
A Guiné Equatorial é uma ex colónia espanhola mas, ao contrário de Portugal que o recebeu de braços abertos (afinal nós somos descendentes de um rei que andou à lambada com a mãe para chegar ao poder), a Espanha arranjou logo imenso que fazer só para não ter que aturar o moço quando este pediu para ser recebido.
Juan Carlos e Zapatero preencheram afanosamente as respectivas agendas porque são homens zelosos da sua masculinidade e ao que consta, Teodoro Obiang Nguema tem por hábito degustar os "cojones" das pessoas com quem deixa de simpatizar. Como Juan Carlos necessita dos ditos para mandar calar com voz grossa os líderes torcionários das ex colónias espanholas, consideraram "nuestros hermanos" mais sensato não desafiar a sorte.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Homenagem

Charlie Byrd (1925-1999)

A verdadeira e-escola

Chegou a guerra.

Depois do ASUS eee, aparece agora este ACER aspire one. Semelhante, mas melhorado. E tudo abaixo dos €300. Mais barato com o Linux que com o Windows XP.

O maravilhoso mundo novo

Bora lá a Barcouço


(Carregar nas imagens para ampliar)
É só em Setembro, mas como Agosto não conta, estamos quase lá.
Votos de boa sorte à organização e um abraço ao amigo Alvaro Nogueira que me fez chegar este pedido de divulgação a que acedo com o maior prazer.
Há quem de vez em quando se esqueça, mas Barcouço tambem pertence ao nosso concelho.

Feridas

Passado todo este tempo, não sei qual será o cenário menos penoso para a pequena Maddie.
Vi ontem a entrevista de Gonçalo Amaral na RTP e o homem convenceu-me.
Olhou-nos nos olhos, foi ponderado, argumentou com base apenas (segundo ele) em factos constantes do processo e nunca se deixou enredar em jogos de palavras.
Só acho estranha a possibilidade da existência de um alegado conluio entre 7 pessoas para esconder toda a verdade e acima de tudo, que esse conluio se mantenha durante mais de um ano: é superior à condição humana.
Quanto às alegadas pressões e inibições. Bem! O mundo em que vivemos presta-se a tudo.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Big brother is watching you

Desde que foi criada a lei do tabaco, os portugueses estão mais airosos. É vê-los aos montes à porta dos edifícios como se de salas de chuto se tratasse. No Verão ainda é agradável, mas no Inverno chega a ser deprimente.
Eu próprio, que me considero um fumador não compulsivo mas prazeroso (excelente palavra que os brasileiros inventaram) já senti alguns olhares reprovadores em ocasiões em que me apresento em plena rua a exercer o meu direito ao livre arbítrio de poder escolher os venenos que legalmente introduzo no meu organismo.
Então quando me aproximo de alguma montra com o charuto na boca, logo os empregados correm a buscar o alho e o crucifixo. Nem a crise lhes demove a intenção.
Felizmente que, mercê de leis deste calibre, iremos todos viver até aos duzentos anos. Tudo na pândega, a jogar ao burro em pé e a ver as novelas da TVI.
Se esta maralha não tomasse hoje conta de nós, o mundo amanhã estaria um caos.
Ou será que é ao contrário?

The dark Joker


The Dark Knight, o novo episódio da saga Batman, estreia hoje num cinema perto de si.

Não sou grande fã do morcego.

Os actores que o interpretaram foram sempre manhosos. Então este último, parece que está sempre a acabar de acordar. Deve ser por ter sofrido tanto no "Império do Sol".

Tão pouco achei grande piada a qualquer um dos episódios já vistos. Mesmo a galeria dos vilões ficou muito aquém do que seria exigível em filmes que criaram tanta expectativa.

Apenas um me tirou do bocejo ao longo deste percurso de quase 20 anos de sequelas. O Joker interpretado por Jack Nicholson e que o próprio considerou um supremo exercício de Pop-Art.

Sou preconceituoso quando se trata de Jack Nicholson.

Ferozmente preconceituoso porque dou como bem gasto à partida o dinheiro do bilhete.

E Nicholson raramente me deixou ficar mal.

Estou então expectante em relação a este Joker.

Primeiro porque o vou obviamente comparar.

Segundo porque Heath Ledger tratou de fazer uma promoção, digamos, arrojada do papel e garantiu já para ele próprio mais holofotes que aqueles que serão apontados a Christopher Nolan. Ainda o filme não tinha saído nos Estates e já se falava em Academy Awards.

Terceiro porque, por razões óbvias, é uma interpretação irrepetível.

Tudo o resto são explosões, tiros, noite com fartura e um tipo em cuecas que carrega uma armadura de duas toneladas e se movimenta como se andasse apenas de maillot.

Ah! E o Michael Caine.

Desta vez compro pipocas!

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Cultura líquida

O meu amigo Vladimir é checo, tem 83 anos, um neto chamado Peter e uma paixão avassaladora por vinho ordinário (em regradas quantidades).
Visita-me habitualmente em Maio e Setembro de cada ano acompanhando grupos de compatriotas que "turistam" Coimbra.
Não troca um bom vinho corrente nacional pela melhor cerveja checa.
Eu, em contrapartida, certifico-me que lhe é fornecida zurrapa ao nível dos seus altos standards de exigência, com o único fito de o convencer a, na volta do autocarro, me obsequiar com a melhor cerveja checa. Por definição a melhor cerveja do mundo.
Em Setembro do ano passado apresentou-me à Kozel.
Paixão à primeira golada de uma versão rubi, encorpada, de espuma resistente (daquela que faz bigodes) com um acentuado aroma a cereais torrados e um final de boca caramelizado sem ser excessivamente doce. Vende-se em garrafas de meio litro como qualquer cerveja competente deveria ser vendida.
Em Maio voltou. Vinha ainda meio aparvalhado (a expressão é dele no seu português insípido) por causa de um AVC que lhe transtornou o Inverno. Estava surdo que nem uma porta e trouxe-me umas latas de uma cerveja também bastante agradável mas mais para aquilo que são os nossos padrões. Simplesmente a cerveja que é hoje a mais conceituada das cervejas checas: a Gambrinus.
Se é que me ouviu, encomendei-lhe uma nova remessa para Setembro. Mas de Kozel: aquela que tem no rótulo "El Cabron".
Uma cerveja de contornos bíblicos.

Arquitectura de vanguarda

(sapato Manolo Blahnik)

Lembro-me de ter um dia ouvido Óscar Niemeyer dizer que a coisa mais bela do mundo são as mulheres.
Quem diz isto com a propriedade de cem anos de experiência, merece viver outros cem.
As mulheres são de facto a coisa mais bela do mundo.
São niquentas, resilientes , insondáveis, perniciosas, incontroláveis, obstinadas e, por isso, fascinantes.
Move-as a vida!
Assumem frivolidades momentâneas porque sabem que a vida também é frivolidade.
E de vida; de vida sabem elas porque a dão…
Mesmo quando calam perante as brutalidades do mundo (e o mundo às vezes habita com elas na própria cama) exprimem em silêncio toda a sabedoria do mundo.
São práticas quando a vida lho requer, mas assumem-se frágeis com assertiva doçura e genuína loucura de cada vez que tal lhes parece (e têm sempre razão) apropriado.
Em tudo transpiram significado: seja num vestido Dior cuidadosamente escondido debaixo de uma burka, seja num gesto de puro abandono quando protegem com o próprio corpo a vida da sua cria.
Belas.
E sábias.
E eternas guardiãs do templo da nossa sanidade.
Só a superior inteligência lhes tem permitido ao longo da história aguentar a submissão à suposta supremacia da força bruta quando a própria natureza demonstra que nada pode o poder da força contra o poder da mente.
Esperam pacientemente a sua hora de brilhar como esperam pacientemente a sua hora de parir.
Perfeitas máquinas de vida.
E belas. Muito belas…

terça-feira, 22 de julho de 2008

O hiato

A História é feita de bons e maus momentos.
Do estrito ponto de vista da narrativa desapaixonada, é tão importante uma ditadura como uma democracia.
Portugal viveu quarenta e oito anos sob o jugo de uma ditadura que, por muito que se queira fazer esquecer, faz parte da nossa herança.
Uma democracia adulta e consolidada deveria ter interesse em mostrar aos nossos filhos tudo aquilo que passaram os nossos pais.
Antes do preconceito, e é preconceito tudo o que tenho lido e ouvido acerca da vontade de erigir um museu na terra natal de Salazar. Antes do preconceito que só gera opiniões precipitadas seria melhor assumir-se a história, a nossa história.
Desde que no mesmo edifício coabitem informações fidedignas sobre o Tarrafal e o viaduto Duarte Pacheco, sobre os presos políticos e a Mocidade Portuguesa, sobre a Pide e a Exposição do Mundo Português, sobre a perseguição aos comunistas e a neutralidade durante a Segunda Guerra Mundial, sobre o assassinato de Humberto Delgado e a mítica aventura do Santa Maria.
Desde que se explique o caos que foi a Primeira República e o júbilo que foi o 25 de Abril de 1974. Desde que seja um museu e não um santuário, não há porque contestá-lo.
Afinal, aquilo que se conseguiu com este constante ruído acerca da ditadura mais não foi que ignorância. E ignorância em dose suficiente para ter permitido que António Salazar fosse eleito o maior português de todos os tempos num reality show da nossa televisão pública.
E se começassemos a ter juízo?

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Falta menos de um mês. Oba!

Silly Season, Silly People?


Vi esta madrugada o programa "Boa noite Alvim" da Sic Radical. Confesso que não me lembro se era original ou repetido, mas para o caso isso também não interessa nada.
Os convidados eram Ana Lourenço, pivot da Sic Noticias e um matemático que eu até admiro mas de quem, desgraçadamente, não sei o nome.
Como seria de esperar, a conversa com Ana Lourenço acabou por desaguar no tristemente célebre episódio "Santana Lopes versus José Mourinho".
À pergunta, entediantemente comum de "hoje voltarias a fazer o mesmo?", Ana Lourenço respondeu, sem responder, que apenas cumpriu ordens de quem manda.
Compreendi-a porque tal tambem já me aconteceu algumas vezes.
O pior foi depois.
Não se conteve, esboçou um sorriso quando demonstrou estranheza pela solidariedade recebida pelo político da parte dos seus pares e ainda se atreveu a dar a entender que tudo aquilo não passaria de um (mais um) número daqueles que Pedro Santana Lopes faz tão bem.
Melhor esteve Ricardo Costa que à época se limitou a dizer que tinha sido uma decisão editorial.
Realmente não foi a pivot quem tomou a decisão. Realmente não cabe à pivot fazer juízos de valor sobre as pessoas que está a entrevistar.
Obviamente que eu estaria a escrever precisamente a mesma coisa independentemente do quadrante político da pessoa em questão. Qualquer pessoa tem o direito de se indignar quando é convidada e depois trocada por uma qualquer banalidade (Mourinho estava apenas a chegar ao aeroporto e nem sequer abriu a boca).
Razão tem Henrique Medina Carreira quando diz que isto é um país a brincar.


Não somos nada sem um sonho.

Há dias em que o Mundo todo cabe numa simples espiral de fumo.

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Nelson Mandela não é um homem como os outros.
Pena é que o seu país não consiga reflectir hoje o esforço que ele foi buscar ao mais profundo do seu ser para transformar em união e visão de futuro comum todo o ódio que teve razões para acumular em mais de vinte anos de cárcere.
Nelson Mandela fez noventa anos na passada Sexta-Feira e mantem a lucidez necessária para ver que, embora livre, o seu povo não prospera.
Será condão, será castigo ou será tão somente um imenso esforço exterior?
Porquê?
Afinal foi na Africa que nasceu a Humanidade!
Na Africa do Sudão, na Africa do Zimbabwé, na Africa do Zaire, na Africa de Angola...
Alguns "Boers" têm uma visão muito peculiar da coabitação em Africa. Advogam que num piano, as teclas brancas e as teclas pretas podem construir as mais belas melodias, mas nunca se misturam; complementam-se.
Será este o problema de Africa?
Estará a solução nas teclas, nas mãos do pianista, no afinador ou no dono do reluzente Steinway?
Nelson Mandela não é, garantidamente, um homem como os outros!



domingo, 20 de julho de 2008

O Menino

Prometi-lhe e eis que cumpro.
O Menino Mota está na net.
Segundo o próprio me garantiu, fez no passado dia 7 de Janeiro 50 anos. A data é garantida embora a idade possa ser apenas aproximada.
O que não pode ser contestado é que o Menino faz parte do nosso coração. É um verdadeiro filho da Mealhada.
Ao contrário do que ainda se ouve de vez em quando, os portadores do Sindrome de Down são hoje pessoas com uma expectativa média de vida muito semelhante à das pessoas ditas "normais".
O Marcial é um homem inteligente, esperto que nem um alho, sensível, com uma memória invejável e imenso sentido de humor.
Porque a vida não lhe permitiu um apropriado acompanhamento clínico, foi criado e acarinhado como qualquer menino da sua idade e, se calhar, será esse o segredo do seu sucesso.
O Menino Mota é um cidadão integrado e faz o grande favor de ser meu amigo.
Desejo que o seja por muitos e bons anos.