sábado, 30 de janeiro de 2010

do mistério


Numa noite fria de Inverno, a milhares de quilómetros de casa, um cidadão americano, de meia idade e aspecto de um honrado pai de família.
Não tem bagagem, está vestido de forma cuidadosa e tem um porte educado.
Fala um português perfeitamente inteligível e paga o quarto com um cartão "platina".
Sobe.
Dou por mim a pensar que a vida das pessoas será sempre um insondável mistério.
Há tantas realidades dentro da realidade.
Nem de propósito.
Pouco tempo depois de ter escrito um post que toca o mistério da vida...

urbÂnsias

Jackson Pollock, Untitled, 1951



Manifesta a razão
Acerca da
Cidade suja,
Destaca-se na multidão
Grita em choro
E chora em convulsão.

Porcos,
Os pés
Escuros de arrastar a vida.
Olhos fundos
Tristes
Secos do vapor da ilusão
Baços do torpor
Ébrios, cálidos
Do calor das noites frias
Perdidas na solidão dos passos.
Escassos
Esquissos de uma vida além.

Que vem
A vida
E bem
Está bem de vida
Também.


Livre
Como o argumento
Vão
Da liberdade intensa
Da razão e crença
Absoluta certeza do despojo
Arrasta.


Na carícia do passado
No momento vivido
Abusado
No desfraldar da inocência
Sumida a vergonha
Assumida a displicência
A carência fugidia
A vida envolta em
Mistério.





Mistérios da vida...




quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

apertemos o cinto

Apesar de não ter qualquer efeito prático na economia, até porque os governantes do nosso país nem são particularmente bem pagos, cai bem no povo ouvir um ministro dizer que se for necessário, admite diminuir o seu salário. Disse-o ontem o Ministro das Finanças na Sic Notícias enquanto tentava desesperadamente explicar porque razão é difícil viver num país onde sistemáticamente se gasta mais do que se tem. Mesmo quando se tem muito.

Agora falta ouvir outro dos actores.

Sim, porque desde o tempo de Ramalho Eanes que não se houve falar em austeridade lá para os lados de Belém.

É que o povo, embora saiba que não tem efeito prático na economia, gosta de ter a sensação que a vida custa a todos.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Estou cooostibado


Desde domingo que a coisa andava a prometer.
Ontem já teria sido sensato ficar na cama, mas tinha aulas para dar e como era o último dia, resolvi não prolongar a agonia dos meninos. À noite houve festa à qual infelizmente tive que faltar com imensíssima pena.
Não deve ser gripe. Não tenho febre nem dores no corpo à excepção de qualquer coisa parecida com um torno que me aperta a cabeça há três dias e da ranhoca que me sobe e desce pelo aparelho respiratório (aparentemente não me sei assoar , mas um médico disse-me em tempos que não fazia mal nenhum engolir ranho)
Tudo isto é novo para mim. Há mais de vinte anos que não me lembro de ficar constipado com violência e desde miúdo que não vou à cama por esta razão (na altura havia um certo prazer nisso porque implicava faltar à escola) - hoje estou a faltar ao serviço, mas as novas tecnologias permitem-me fazer algum trabalho a partir de casa. Coisa fantástica, esta do progresso.
Quem está com a nítida sensação que estarei muito mais afectado que aquilo que aparento, é a Elsa: não consegue perceber porque é que lhe pedi para o almoço canja feita com caldo knorr em vez de galinha (caseira) como se ofereceu para fazer. Já acedeu a ir comprar o tal caldo, mas continua a olhar para mim de forma estranha.
Se eu fosse rico achar-me-ia excêntrico, assim, apenas parvo!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

dos amigos da onça


A causa "ajudar o Haiti" chegou rapidamente ao Facebook.
Entre centenas de maneiras de ajudar, alguém resolveu propôr uma vigília em Coimbra.
Foi marcada para ontem na Praça da República.
Dos cerca de setecentos "amigos" que garantiram online a presença e dos mais de mil e seiscentos que disseram que talvez por lá passassem, nem rasto...
Apareceram quatro pessoas.
Parece que a característica principal dos amigos do "Facebook" é a vantagem de não terem que se aturar uns aos outros.
Amizades duradouras, prevê-se!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A bola vóando sobri a grama...


"Liedson e Sá Pinto ao soco no balneário"
O jogo

"Sá Pinto deixa direcção desportiva do Sporting"
DN

Quem se mete com o Liedson, leva ou Liedson resolve!


"Ao 30º penalti, o F.C. Porto ganhou no Restelo"
DN

Tenho quase a certeza que quem lê este título nem lhe ocorre pensar que foi no desempate por grandes penalidades. Acha logo normal que isso tivesse acontecido durante os noventa minutos e que tenha havido dualidade de critérios.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

das competências


Decorreu hoje nas instalações da Junta de Freguesia da Mealhada mais uma sessão de trabalho promovida pelo Centro de Novas Oportunidades a funcionar na Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra, com o objectivo de proporcionar a necessária Certificação de Aptidão Profissional aos profissionais da hotelaria e similares.
A certificação profissional é acima de tudo uma forma de dignificação do trabalho mas é também um imperativo legal.
Felizmente o número de aderentes tem aumentado de sessão para sessão mas mesmo assim todas as formas de divulgação são poucas para uma região que tanta gente tem a trabalhar nesta área sem qualquer espécie de protecção.
A última alteração ao Código de Trabalho efectuada através da lei 7/2009 de 12 de Fevereiro vai introduzindo este tema com cada vez mais veemência (ver aqui) e pouco me espantaria se numa próxima alteração, a falta de certificação constasse na lista das razões para justa causa de despedimento.
É pois de primordial importância que os profissionais tratem de passar para o papel toda a sua experiência acumulada a muito custo para que todo esse esforço não se venha a revelar ter sido em vão.

Finalmente


A quarta temporada de Dexter é, pelo menos do meu ponto de vista, a melhor.
Todos os personagens sem excepção ganharam dimensão, evoluiram e, os que não o eram, tornaram-se mais verosímeis.
O próprio Dexter Morgan (que nesta quarta temporada mata substancialmente menos que nas anteriores) comete erros que não cometia anteriormente, reage de forma menos controlada e começa a aparentar perigosos sinais de ter uma consciência. Tudo isto porque agora é pai - um estatuto que muda (ou que pelo menos deveria mudar) qualquer homem.
O resultado é fantástico.
Junta-se a aparição de mais um serial killer (superiormente encarnado por John Lithgow) e de forma natural toda esta suculência acabou por chamar a atenção dos jurados dos prémios para que a série está nomeada.
Por agora são os Golden Globes com um prémio de actor principal para Michael C. Hall e de secundário (a verdade é que entre os dois não se sabe quem é principal ou secundário nesta temporada) para John Lithgow.
A quarta temporada é a melhor e, como tudo estava a resvalar para uma perigosíssima normalidade (há-que lembrar que Dexter Morgan, embora simpático, não deixa de ser um serial killer), os argumentistas trataram de arranjar um soberbo final que baralha toda a trama. Em face disso, fica no ar a pergunta: irá Dexter Morgan manter o caminho da normalidade que o tem traído e que o está a transformar num tipo mais humano ou vai novamente cingir-se ao plano e apaparicar o "dark passenger" que consigo transporta?
Mal posso esperar pela quinta temporada da qual nada ainda se sabe.
Eu sei que Michael C. Hall lê o chacomporradas e por isso desde aqui lhe endereço um sentido voto de boa sorte na luta contra o linfoma que o atormenta.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Haiti





Não é que todos os outros desvalidos da face da Terra mereçam menos, mas há que pegar por uma ponta.
E porque nestas coisas aparecem sempre filhos da puta a locupletarem-se com a boa vontade dos outros, encaminhemos a nossa solidariedade por alguém que sabemos à partida que vai mesmo ajudar.
No caso, a Cruz Vermelha.
Eu já contribui.

Multibanco ou netbank (para quem tiver)
Pagamento de serviços
Entidade 20999
Ref 999 999 999
Não doi nada e qualquer quantia será, com toda a certeza, muito bem acolhida.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

das ânsias modernas

Neste momento, "frequentar" o Facebook está in ou está out?
No caso de estar in, quantos amigos é preciso ter para se ser cool?
Uma vez que o Facebook é tão "doismilenove", não seria já altura de aparecer algo "doismiledez"?
Será que o Farmville é o Facebook "doismiledez" tal como o Facebook foi o Hi5 "doismilenove" e o Hi5 foi o Messenger "doismileoito"?
Ou será que o Farmville serve apenas para relaxar e preparar o aparecimento do verdadeiro Facebook "doismiledez" que ainda está a ser preparado?
Esta gestão de expectativas será simples marketing ou pura maldade?
O Twitter não me alivia da dúvida, sinto-me desamparado!

Votemos, irmãos


O concurso "I Love Europe", organizado pela Comissão Europeia, destina-se a conceber um cartaz para ilustrar o dia da Europa em 2010.
De 1700 projectos internacionais submetidos foram seleccionados apenas 10 finalistas, entre os quais está o projecto desenvolvido em aula e submetido pela aluna Portuguesa da ESAD - Escola Superior de Artes e Design (Matosinhos) Diana Jung.
Pode votar-se aqui.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

da música

Desde que me conheço que gosto de música.
Gosto de música, de toda ela, de todas as suas formas porque sempre associei a música a estados de alma.
As músicas que me tocaram, consigo reconhecê-las apenas pelos primeiros acordes.
Tenho-as arquivadas, associadas a momentos e muitas vezes com associações estranhíssimas. Se é comum dizer que o Final Cut, talvez o pior album dos Pink Floyd, pode associar-se (eu associo-o) a uma paixão não correspondida da juventude, menos comum será o facto de que a ressaca do momento mais doloroso da minha vida está associada à discografia, quase completa, de Júlio Iglésias - toda comprada de uma vez só.
Não tenho como explicar.
É um fenómeno de pele.
Mas é verdade que retiro muito mais sensações e estímulos da música que de um livro ou até de um filme. Quando uma música me marca, fá-lo de forma permanente e consegue colocar-me de novo no cenário a que está associada, seja ele bom ou mau. O Final Cut é um exemplo disso: durante mais de vinte anos não ouvi o raio do disco...
O cinema, embora nos envolva recorrendo a um maior número de dimensões, não me deixa cativa a memória. Apesar de gostar imenso de filmes, há muitos de que me lembro apenas porque tinham alguma música especial: seja porque já a conhecia, seja porque me cativou.
Durante o ano de 2009, dediquei a minha costela cinéfila à razão de 90/10 mais ao cinema dito independente que ao chamado mainstream. Mesmo contando com alguns bons filmes de conceituados obreiros como o caso de Gran Torino (também pela fascinante música de Jamie Cullum, aliás uma coisa comum à obra de Clint Eastwood), Defiance ou Body of Lies, a verdade é que fui muito mais tocado por obras (algumas de anos anteriores) como Once, Ten Inch Hero, Away We Go (brilhante Sam Mendes), Dedication, Sunshine Cleaning ou One Week, algumas do chamado cinema Indie.
Profundas, plenas de simbolismo e simples: simples como a vida.
Se calhar, aquilo que eu consegui encontrar que mais se parece com a música!

sábado, 9 de janeiro de 2010

piscar o olho à crise


Consta que a Ruth Marlene se despiu para a Playboy por oitocentos euros.
Não foi divulgado se a quantia foi toda para ela ou se a repartiu com a irmã com quem repartiu também o cenário.
Pelo preço (consta que Claudia Jacques recebeu dez mil), das duas três:
Ou a revista sabe algum segredo escabroso acerca da rapariga e chantageou-a ao ponto de obter as fotos ao preço de copo e bucha.
Ou a Playboy está tão in que um dia destes vamos ver algumas famosas a pagarem para lá aparecer.
Ou então a Ruth é aquela loira da anedota. Aquela que, quando lhe perguntaram se o pisca do carro estava a funcionar, respondeu "agora está, agora não, agora está, agora não..."

das feras

O dono de um circo colocou um anúncio no jornal, procurando um domador de leões.
Apareceram 2 pessoas: um senhor de boa aparência, aposentado, perto dos 70 anos, e uma loira espectacular de 25 anos.
O dono do circo fala com os 2 candidatos e diz:
-Eu vou direito ao assunto. O meu leão é extremamente feroz, e matou os meus dois últimos domadores. Ou vocês são realmente bons, ou vão durar 1 minuto! Aqui está o equipamento - cadeira, chicote, pistola! Quem quer entrar primeiro?
A loira fala:
-Eu vou !!!
Ela ignora cadeira, chicote e pistola, e entra rapidamente na gaiola. O leão ruge e começa a correr na direcção da loira. Quando falta um metro para ela ser alcançada, a loira abre o vestido e fica nua, mostrando todo o esplendor do seu corpo. O leão pára, como se tivesse sido fulminado por um raio! Deita-se à frente da loira e começa a lamber-lhe os pés! Pouco a pouco, ele vai subindo e lambe o corpo inteiro da loira durante longos minutos! Finalmente deita-se de novo com a cabeça entre os pés da loira.
O dono do circo, com o queixo caído até o chão, diz:
-Eu nunca vi nada assim na minha vida!
Vira-se para o velhinho e pergunta:
-Você consegue fazer a mesma coisa?
E o velho responde:
-Claro! Desde que tirem de lá o leão...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A estrela


Ricardo Costa, o rapaz da foto, é chefe de cozinha (ou chef como lhes chamam agora) do Largo do Paço , o restaurante da Casa da Calçada, excelente hotel de Amarante.
Com o Ricardo aos comandos, o Largo do Paço recuperou a estrela Michelin que outrora lhe pertenceu e que entretanto perdera.
O Ricardo fez a sua formação inicial na Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra, foi meu aluno e meu estagiário no hotel e, felizmente para ele, encarregou-me de lhe arranjar maneira de vir treinar para o GDM porque a sua verdadeira paixão era o futebol.
Digo felizmente porque, ao pedir-me a mim, garantiu o seu afastamento do futebol, o que lhe permitiu dedicar-se àquilo para que tinha jeito. Acho que fez muito bem.
Na época cheguei a falar no assunto ao Sr João Peres que me disse para o mandar aparecer num treino. Nunca apareceu, se calhar porque nunca lhe transmiti o recado.
Fica a dever-me essa atenção.
Faz agora parte da restrita equipa dos chefes portugueses que actualmente ostentam a famosa estrela, juntamente com Albano Lourenço da Quinta das Lágrimas e José Avillez do Tavares.
Agora mãozinhas ao trabalho que, mais difícil que ganhá-las, só mesmo mantê-las.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

da pesca

Nos últimos tempos têm aparecido muitos alertas na comunicação social acerca de esquemas de phishing levados a cabo, alegadamente, por piratas brasileiros.
Phishing é o nome dado ao conjunto de bicharada que, se deixarmos, entra no nosso computador e transmite a terceiros informação que lhes possa interessar como passwords de bancos, das finanças, etc.
Essa praga chega-nos a casa pelo serviço de email e vem mascarada das coisas mais inocentes: ofertas, contactos de amigos, às vezes documentos oficiais ou contactos de entidades tão fidedignas como a PSP, a CGD, a Vodafone. Até intimações de alguns tribunais.
Infelizmente, já me passaram pelas mãos algumas dezenas de coisas destas e a verdade é que a cada dia que passa estão mais sofisticadas. A anos-luz das famosíssimas cartas da Nigéria que fizeram e ainda fazem as delícias de tanta gente.
Acontece que desta vez deparei-me com algo completamente novo. Uma reserva normalíssima de dois quartos para uma estadia curta, a resposta e a seguir a devolução da resposta com a indicação de que o usuário do mail tem um filtro anti-spam e que a resposta deve ser reenviada através de um novo endereço que filtra o spam. Até nos facilita o serviço pois basta "clicar aqui" para sermos transportados, não para o tal filtro, mas para sabe Deus onde e com que intuíto.
Até hoje, o anti-virus e a firewall e o anti spyware e o anti phishing têm estado à altura dos acontecimentos. Mas será sempre assim?

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Nancy Vieira & Manuel Paulo

Rodrigo Leão

Dia 30 deste mês, no Cine Teatro Messias.
Antevê-se mais um grande espectáculo de Rodrigo Leão, da tournée de apresentação do seu mais recente disco, "A Mãe".
Infelizmente não vou poder assistir, mas aconselho vivamente.
Parabéns aos programadores e votos sinceros de que mantenham em 2010 a qualidade dos espectáculos de 2009. E que o público corresponda.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

só para não nos desabituarmos

O ano é novo mas as notícias são velhas.
No Paquistão, um degenerado qualquer fez-se explodir durante um jogo de voleibol com tanta violência que arrancou alguns telhados de casas próximas. Aproveitou o ensejo e levou setenta e cinco inocentes com ele.
No Brasil, um deslocamento de terras enterrou vários turistas matando pelo menos dezoito.
Por cá a estrada, só nesta virada do ano, matou duas pessoas, número que pode aumentar porque a contagem das vítimas passou a partir de hoje a ser feita de modo mais apurado. Vítimas que morram até quatro dias (acho que são quatro) depois do acidente e como resultado do mesmo, são contabilizadas como mortos, coisa que não acontecia antes.
E assim mantemos o ritmo ou, como dizia Lampeduza, "é necessário mudar para que tudo fique na mesma".