quinta-feira, 21 de maio de 2009

dos subtis praZeres


Misturar bebidas sem que que o resultado seja maior que a soma das partes, é pura perca de tempo...
Beber uma composição de bar feita com mestria, num ambiente agradável, pode ser a experiência de uma vida.
O dry Martini é o alfa e o omega dos cocktails, o Yin e o Yan, o concavo e o convexo. Uma bebida genial, um arco iris de sensações que está apenas ao alcance de quem sabe espremer prazer das pequenas coisas.
Dry Martini e Martini dry são duas coisas, para começar, totalmente diferentes. Dry Martini é uma composição de bar da categoria dos cocktails aperitivos e Martini dry é um vermute de marca Martini na variante seco.
A origem do nome deste fantástico cocktail tem quase tantas versões como a história do seu nascimento: pode derivar de Martinez (nome de um bar ou de uma cidade mineira da California onde se bebiam uma misturas decoradas com cerejas) ou de Martini and Henry (nome de uma espingarda utilizada pelo exercito inglês e que, consta, dava um coice semelhante ao provocado pela bebida).
Certo certo é que o nome (o actual ou aparentado) faz parte do jargão do bar desde os finais do sec.XIX. Eis-nos pois perante uma bebida com pátine, um clássico.
Dos ingredientes, sabe-se apenas que a partir de dada altura se começaram a fixar num bom London dry Gin e num vermute seco, em proporções escolhidas à medida do freguês.
A decoração, que neste caso tem um papel mais que decorativo, gira entre uma azeitona, uma cebola de cocktail ou uma singela casca de limão.
Os americanos chamam-lhe apenas Martini, servem-no com uma azeitona, assumem que também pode ser feito com vodka em vez de gin e atiram o vermute para o fundinho da questão: uns defendem uma gotitas de vermute, outros garantem que o vermute deve lavar o gelo e seguir para a pia, outros ainda asseguram que a bençao do vermute deve ser feita com a garrafa bem fechada.
Deste lado do atlântico a coisa não é bem assim.
A minha receita é a seguinte:

1.Pôr uma taça de cocktail a gelar no congelador
2.Criar pano de fundo - por mim pode ser Wim Mertens ou Michael Nyman.
3.Preparar o palco com um copo de misturas (não confundir com shaker), um medidor, um coador, um limão bem madurinho, um descascador, uma colher de cabo comprido, uma garrafa de gin Tanqueray ou Bombay Saphire e uma garrafa de vermute seco (tenho Martini com mais de trinta anos gentilmente cedido pela cave do Hotel Bragança, mas pode ser um Noilly Pratt ou um Martini actual).
4.Retirar a taça do congelador.
5.Colocar seis pedras de gelo no copo de misturas.
6.Acrescentar de imediato 8cl de gin e 2 cl de vermute.
7.Mexer quatro vezes (não mais para não aguar em demasia) com a colher.
8.Coar para dentro da taça.
9.Cortar uma tira de casca de limão (zeste) com cerca de dez centimetros, recorrendo ao descascador para ficar o mais fina possível.
10.Manusear a casca de limão sobre a bebida para espraiar os santos óleos. Olhos experientes conseguem ver sem esforço que se forma uma pequena nuvem sobre a bebida.
11.Deixar mergulhar a casca do limão na bebida de forma dolente.
12.Degustar...

Só alcançará os meus standards se, ao beber-se, for possível inalar o perfume do limão enquanto a bebida esmurra o palato e nos eriça os pelos do pescoço.
Uma bebida para homens porque as senhoras não têm pelos no pescoço!

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