
Em 1979 foi assim.
Pouco menos que um fiasco. A esta distância é fácil explicar porquê, aliás, no dia a seguir já havia explicações para descalabro.
Olhando para o cartaz, descobrem-se logo três: duas cabeças de cartaz pagas (bem, presume-se) num evento sem qualquer garantia de adesão, um espectáculo de grande dimensão e custos a condizer em Agosto e uma festa de cerveja num local sem qualquer tradição nesse sentido.
Lembro-me que até a Gaiola Aberta gozou connosco. Tenho a revista guardada em qualquer lado, mas lembro-me da capa: Uma caricatura da Elizabeth Savalla e o texto "Estes pacóvios da Mealhada, que são bem a imagem deste país de tansos, pagaram (não me lembro da quantia) a uma tal de Lili, e nem lhe viram o cú".
Constou-se na altura que o comentário carecia de veracidade pois, alegou-se, o Dr Andrade ter-lhe-á observado o dito cujo, no estrito cumprimento da profissão (da dele).
Folclores à parte, assumo desde já que acho que um carnaval no Verão poderá ser uma excelente ideia, no seguimento de uma ideia que anteriormente defendi. A ideia de que se devem criar mais eventos com o rótulo "Carnaval da Mealhada".
Carece, no entanto, de cuidados redobrados. Antes de mais porque em 1979 vinha-se de um carnaval explosivo em que Tony Ramos tinha incendiado a Mealhada e toda a gente acreditava numa reedição do fenómeno, espírito que não existe na actualidade. Depois, porque cronológicamente não é carnaval, o que obriga a ter que se criar um duplo desejo nos foliões: o desejo de participarem num carnaval fora de época e o desejo de se deslocarem à Mealhada para o fazer.
Se me coubesse tomar decisões, tomaria as seguintes:
1.Enquadraria o evento ou no programa da Feira de Gastronomia ou num reavivar das Festas de Sant'Ana.
2.Começaria por criar um evento de dimensão mais moderada, provavelmente um desfile das escolas de samba. É mais seguro começar pequeno e crescer do que ousar e apanhar os cacos no fim.
3.Utilizaria as sinergias provenientes do nome "Quatro Maravilhas" associando ao evento uma festa do espumante.
4. Finalmente, e sem nenhuma razão mais que a nostalgia, organizaria o desfile dentro da cidade, muito provavelmente na av 25 de Abril.