A história será mais ou menos assim: um dirigente desportivo, carregadíssimo de razão, dissertava acerca do serviço público que as piscinas do seu clube prestavam no apoio às actividades lectivas das escolas da autarquia.
Era no Porto, penso que no Futebol Clube do Porto, muito provavelmente ainda no estádio das Antas e quem assim falava era Jorge Nuno Pinto da Costa depois de ter sido alvo (o clube, e nomeadamente as piscinas) de um qualquer acto persecutório por parte da administração pública.
Estas coisas não podem ser analisadas "tout cours", mas é verdade que o nosso Estado, que a nossa administração central e local, por vezes não mede a extensão dos seus actos.
No caso em apreço, o fecho das piscinas (e lembro-me vagamente que não se tratava de nenhum problema de salubridade) traria para a rua, não só os atletas do clube, mas também uma fatia gorda dos miúdos das escolas.
À época fiquei solidário com Pinto da Costa e retive a máxima: "Se pretendes ser arrogante, não podes estar refém de nada."
Mas não é só na arrogância que o Estado é inábil: é o também, e de forma atabalhoada, na poupança.
É sabido que as más inclinações se movimentam mais à vontade no escuro. É prática comum arrasar obstáculos e intensificar a iluminação nos sítios que se pretendem mais bem frequentados.
Com o agudizar da crise e com contas mensais cada vez mais recheadas de zeros à direita, as autarquias têm visto o seu espaço de divagação encolher.
Um dos tópicos recorrentemente chamado à liça é precisamente o balúrdio que se gasta para manter iluminadas as nossas cidades, vilas e aldeias.
Nem a golden share na EDP consegue evitar ao Estado a mesma agonia que assola o mais comum dos portugueses quando olha para aquela factura que tem um quadrado vermelho a rir-se para nós.
Custos escandalosos.
Mas nem mesmo esse custo consegue demover as autarquias de continuar a cobrar exorbitâncias às empresas que têm anúncios luminosos nas ruas deste país.
Ciente (acho eu) que os anúncios suportam uma quota parte da iluminação pública, a administração, ao invés de acarinhar o seu uso e expansão repassando gradualmente algum do custo da coisa, insiste em amesquinhar.
Falta de visão? Deve ser da obscuridade.
Sem comentários:
Enviar um comentário