quarta-feira, 23 de julho de 2008

Arquitectura de vanguarda

(sapato Manolo Blahnik)

Lembro-me de ter um dia ouvido Óscar Niemeyer dizer que a coisa mais bela do mundo são as mulheres.
Quem diz isto com a propriedade de cem anos de experiência, merece viver outros cem.
As mulheres são de facto a coisa mais bela do mundo.
São niquentas, resilientes , insondáveis, perniciosas, incontroláveis, obstinadas e, por isso, fascinantes.
Move-as a vida!
Assumem frivolidades momentâneas porque sabem que a vida também é frivolidade.
E de vida; de vida sabem elas porque a dão…
Mesmo quando calam perante as brutalidades do mundo (e o mundo às vezes habita com elas na própria cama) exprimem em silêncio toda a sabedoria do mundo.
São práticas quando a vida lho requer, mas assumem-se frágeis com assertiva doçura e genuína loucura de cada vez que tal lhes parece (e têm sempre razão) apropriado.
Em tudo transpiram significado: seja num vestido Dior cuidadosamente escondido debaixo de uma burka, seja num gesto de puro abandono quando protegem com o próprio corpo a vida da sua cria.
Belas.
E sábias.
E eternas guardiãs do templo da nossa sanidade.
Só a superior inteligência lhes tem permitido ao longo da história aguentar a submissão à suposta supremacia da força bruta quando a própria natureza demonstra que nada pode o poder da força contra o poder da mente.
Esperam pacientemente a sua hora de brilhar como esperam pacientemente a sua hora de parir.
Perfeitas máquinas de vida.
E belas. Muito belas…

2 comentários:

  1. Meu amigo Pedro deves ter feito muitas maldades para escrever tal apontamento.
    É a tua licença para ir no fim de semana aos Amigos d` Alex

    ResponderEliminar
  2. Na eventualidade de falhar o Alex fica aqui o meu brinde e o meu muito obrigado!

    Como sempre, textos de 1ª qualidade!

    ResponderEliminar