quarta-feira, 23 de julho de 2008

Cultura líquida

O meu amigo Vladimir é checo, tem 83 anos, um neto chamado Peter e uma paixão avassaladora por vinho ordinário (em regradas quantidades).
Visita-me habitualmente em Maio e Setembro de cada ano acompanhando grupos de compatriotas que "turistam" Coimbra.
Não troca um bom vinho corrente nacional pela melhor cerveja checa.
Eu, em contrapartida, certifico-me que lhe é fornecida zurrapa ao nível dos seus altos standards de exigência, com o único fito de o convencer a, na volta do autocarro, me obsequiar com a melhor cerveja checa. Por definição a melhor cerveja do mundo.
Em Setembro do ano passado apresentou-me à Kozel.
Paixão à primeira golada de uma versão rubi, encorpada, de espuma resistente (daquela que faz bigodes) com um acentuado aroma a cereais torrados e um final de boca caramelizado sem ser excessivamente doce. Vende-se em garrafas de meio litro como qualquer cerveja competente deveria ser vendida.
Em Maio voltou. Vinha ainda meio aparvalhado (a expressão é dele no seu português insípido) por causa de um AVC que lhe transtornou o Inverno. Estava surdo que nem uma porta e trouxe-me umas latas de uma cerveja também bastante agradável mas mais para aquilo que são os nossos padrões. Simplesmente a cerveja que é hoje a mais conceituada das cervejas checas: a Gambrinus.
Se é que me ouviu, encomendei-lhe uma nova remessa para Setembro. Mas de Kozel: aquela que tem no rótulo "El Cabron".
Uma cerveja de contornos bíblicos.

6 comentários:

  1. Caro Pedro Costa,
    Da Kozel diria que é uma cerveja quase capaz de causar um orgasmo aos amantes das loiras, ruivas ou pretas (no caso, esta é ruiva).
    Se em Setembro conseguir essa desejada nova remessa, agradecia a fineza de me deixar meia dúzia em cima da Milha (aquela localizada no hall da CMM).

    Ave Caesar

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  2. Assim farei, confrade Caligula.
    Não te sabia conhecedor de tão preciosos néctar.
    Afinal confirma-se: a Kozel é uma cerveja de contornos Bíblicos e Imperiais.

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  3. Não revelo o segredo, mas também tenho (tive) um fornecedor secreto.

    Ave Caesar

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  4. Pedro Costa pode deixar as cervejas no Mealhada Moderna. O Gaius vai lá buscar. Sabe bem o caminho.

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