terça-feira, 22 de julho de 2008

O hiato

A História é feita de bons e maus momentos.
Do estrito ponto de vista da narrativa desapaixonada, é tão importante uma ditadura como uma democracia.
Portugal viveu quarenta e oito anos sob o jugo de uma ditadura que, por muito que se queira fazer esquecer, faz parte da nossa herança.
Uma democracia adulta e consolidada deveria ter interesse em mostrar aos nossos filhos tudo aquilo que passaram os nossos pais.
Antes do preconceito, e é preconceito tudo o que tenho lido e ouvido acerca da vontade de erigir um museu na terra natal de Salazar. Antes do preconceito que só gera opiniões precipitadas seria melhor assumir-se a história, a nossa história.
Desde que no mesmo edifício coabitem informações fidedignas sobre o Tarrafal e o viaduto Duarte Pacheco, sobre os presos políticos e a Mocidade Portuguesa, sobre a Pide e a Exposição do Mundo Português, sobre a perseguição aos comunistas e a neutralidade durante a Segunda Guerra Mundial, sobre o assassinato de Humberto Delgado e a mítica aventura do Santa Maria.
Desde que se explique o caos que foi a Primeira República e o júbilo que foi o 25 de Abril de 1974. Desde que seja um museu e não um santuário, não há porque contestá-lo.
Afinal, aquilo que se conseguiu com este constante ruído acerca da ditadura mais não foi que ignorância. E ignorância em dose suficiente para ter permitido que António Salazar fosse eleito o maior português de todos os tempos num reality show da nossa televisão pública.
E se começassemos a ter juízo?

5 comentários:

  1. E caralhadas podem dizer-se aqui?

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  2. Espero não escrever nenhum post que suscite o uso de tal linguagem, mas se tal acontecer, ponderarei moderar os comentários.
    Quanto ao burgo, ao meu burgo, não. Não o abandonei no passado porque sempre a ele voltei e não pretendo abandoná-lo agora.
    Ah Mealhada linda!

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  3. É verdade não devemos ter vergonha de quem fomos e houve coisas más mas também as houve boas você é uma pessoa arguta e parabéns fico à espera de mais

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  4. Este é um blogue que se impunha. Era, de facto, uma pena que o meu amigo não desse o seu contributo ao nosso alegre e nostálgico fio dos dias...

    É Serviço público!

    Obrigado Pedro

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