segunda-feira, 27 de julho de 2009

da índole


Esta manhã, embarcou na estação da Mealhada uma senhora com uma máscara. Não sei se doente com gripe A, se recentemente transplantada, se portadora de alguma doença mais complicada.
Na sala de espera estava tudo na mais santa paz. Ninguém se afastou, ninguém comentou, ninguém chateou. A senhora, nova, estava inclusivamente inserida num grupo de pessoas mais idosas que com ela conversavam de forma perfeitamente descontraída.
Lembrei-me de um programa que vi na semana passada na SIC acerca de um rapaz que vive numa das aldeias da serra da Lousã. Nesse programa, um dos vizinhos do rapaz, um senhor inglês, apicultor, dizia que conhecia praticamente o mundo todo e que não conhecia nenhum país como Portugal. Segundo ele, Portugal seria o melhor país do mundo.
O melhor país pelas condições, mas acima de tudo pelas pessoas: gente simpática, gente boa, gente de boa índole.
Foi isso que eu vi esta manhã na estação: gente de boa índole.
Todos nos deveríamos orgulhar dessa característica, desse património.
Temos obrigação, sempre mas mais agora nos tempos conturbados que atravessamos, de regar essa faceta.
É mais fácil do que parece.

4 comentários:

  1. Sinceramente fiquei de alma lavada ao ler este "posts". Estou muito cansada de ouvir e ler que somos um país só de coisas e pessoas más.
    É bom saber que ainda somos e temos coisas boas, mas pelos visto é sempre preciso vir alguém doutro país para o dizer.
    Quando é que vamos deixar de dizer mal de tudo e de todos e vamos começar a valorizar o que temos, talvez assim fossemos todos mais felizes.
    Obrigada Pedro, por poder ter a liberdade de fazer comentários, continua tal e qual como és, para todos podermos continuar a visitar-te nesta página.

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  2. Somos como somos, à boa maneira portuguesa:
    Por um lado julgamo-nos muito mal, quando nos comparamos com os outros. Estamos sempre atrás dos últimos.
    Mas, por outro lado, pensamos que nos safamos sempre, que nada de mal nos afectará. Não são connosco os problemas do mundo.
    É como se tivessemos de nós uma dupla ideia : por um lado somos insignificantes, mas, apesar disso, ou precisamente por causa disso, imaginamo-nos imunes aos males dos outros. Nada do que se passa no mundo, nos interessa verdadeiramente. Não nos diz respeito. Não é connosco. E se for, logo se verá. Alguém, que não nós, encontrará a solução.
    Talvez seja esta maneira de ser que explique por que é que, perante um aparente perigo, real (a senhora com a máscara) toda a gente afinal se comporta como se nada se passasse.
    Ah! que bons que nós somos! que brandos costumes!

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  3. Atenção que a máscara podia ser para defender a senhora e não para defender os outros da senhora.
    Existem milhentas razões para andarmos de máscara; não foi a gripe dos porcos que descobriu a máscara.

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  4. De máscara andamos sempre, mesmo que o não pareça...

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