sábado, 6 de novembro de 2010

das mãos do Wim Mertens


Foi há muitos anos, mas lembro-me como se tivesse sido ontem.
Para definir dramatismo, um livro mostrava uma fotografia das mãos de José Vianna da Motta sobre o teclado de um piano.
Era uma imagem brutal. Uma imagem que se me pespegou à alma e que ainda hoje mantenho nítida. E era realmente uma imagem que transmitia dramatismo.
Eram ossudas, secas, fortes, vibrantes...
Hoje vi as mãos de Wim Mertens.
Vi-as a trabalhar e vi-as a descansar.
Vi-as de modo tão próximo que no sítio onde me encontrava conseguia ver que ninguém se deu ao trabalho de limpar do Steinway & Sons as impressões digitais de quem empurrou o piano para o meio do palco.
E as mãos de Wim Mertens, embora virtuosas, não são dramáticas.
São flexíveis, dançarinas, mimosas...
Pareceram-me, e eu vi-as quase de perto, pouco assertivas.
A correr desprendidas e despreocupadas por cima das teclas como se lá tivessem nascido.
Serão assim todas as mãos minimalistas?
Ou serão só as dele?
Pareceram-me, de tão ternas, quase femininas.
E havia também uma Tatiana que tocava violino... e muito bem!
Quer dizer, acho que era Tatiana porque ninguém compreende muito bem o que o Wim Mertens diz (consta que fala na mesma língua com que canta).
Logo, não tenho a certeza do nome da moça.
Certeza tenho de uma coisa completamente diferente: o forte da Pousadinha não é o bolo-rei!
E o concerto?
O concerto...  era do Wim Mertens, porra!

1 comentário:

  1. Assisti ao concerto e concordo em absoluto.Pena que faltou algum calor à sala e já agora, mais 300 pessoas sentadas.
    Belo texto este, parabéns!

    ResponderEliminar