A coisa mais admirável nos amigos é a característica única do encadeamento.
O amigo verdadeiro não é aquele que nos dá o ombro para chorar - esses podem ser os da ocasião.
O amigo verdadeiro não é o que nos apoia na queda e que nos dá a mão - isso pode ser apenas cortesia e boa educação.
O amigo verdadeiro é o que encontramos passados vinte e seis anos e que recomeça a conversa precisamente no ponto em que foi deixada. É o que nos faz descobrir que no coração há caixas e que algumas são eternos cofres...
Num coração sadio existe espaço para milhões de amigos. Embalados por níveis e por graus de importância - etiquetados e guardados, muitos.
Esta noite estive entre amigos; alguns que não via há vinte e seis anos, dos quais nada sabia há vinte e seis anos. Imagens que me saltaram ao caminho e corporizaram memórias de tempos. Vivências conjuntas e experiências marcantes. Sonhos vividos e morridos, guardados onde não sabia.
E revivi o meu primeiro amor. Drasticamente não correspondido. Nascido, crescido, sofrido, resolvido e arrumado no cofre das indisponibilidades. Embrulhado e devolvido ao sonho que disso não passou.
E retomou-se a conversa recordando que a vida passa por nós deixando lastros transversais e pequenos toques de melancolia e peças amontoadas em caixas deixadas num canto que rapidamente se organizam e nos trazem, a uns nostalgia, mas a outros uma profundíssima noção da força que o tempo exerce sobre a nossa vida.
Amarrados ao futuro, andamos, com o peso do passado. Mesmo que não seja essa a nossa vontade.
Pedro .não sei explicar como nem porquê... mas eu ontem senti-me a Paulita de há muitos anos, e gostei. Obrigada.Beijos
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