quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O Natal de now


Tristonhas, as caras
Não transbordam o espírito da época.
A correria e o frenesim,
O olhar esgazeado, o esgar
Repulsa pela vida que pulsa,
Pelo pouco que levam no saco.
Não há calor no frio deste inverno tristemente antecipado.
Gelado é o torpor das noticias do futuro.
Não há quem arrisque um sorriso
Um voto de bom natal.
Não há castanhas
Realejos
Música estafadas de séculos
Que ousem animar a alma.
Não há brilho na luz
Sequer luz no ar...
Nem o rosado das faces encostadas à montra
Sem o cheiro dos natais de outrora.
Pouco,
Fugaz,
O brilho do bolo-rei
E o açucar reluzente.
É tudo baço,
Tristemente escasso,
Encontrões e pisadelas
E transportes apinhados
E caras sofridas
E bafos contidos
Vidas amarelas...
É-se triste todo ano, mas no Natal doi mais!

1 comentário:

  1. Parece-me Pedro que o espirito de Natal que descreve terminará com a nossa geração. Fala da crise económica, mas essa já existiu no tempo da "velha senhora" e não foi impeditivo para que o Natal tivesse os cheiros e a beleza que sempre teve, mesmo que para alguns fosse bem difícil. A maior crise é a dos valores e penso que a nossa geração não estará a fazer jus há herança que os nossos pais nos deixaram e talvez por isso não sejamos suficientemente capazes de a transmitir aos nossos filhos.
    Sabe que sofro de uma grave doença vulgarmente denominada por nostalgia, por isso peço-lhe desculpa pelas minhas deprimentes palavras

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