terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Ponto da situação


Não me considero mais nem menos permeável que qualquer outra pessoa.
Sou suficientemente permeável para achar até que ninguém, no seu perfeito juízo, consegue manter-se insensível a todo este lamaçal que se despencou dos picos do poder (político e judicial) e escorreu até ao mais profundo dos esgotos - e falo em partes iguais de quem defende e de quem ataca José Sócrates.
Para quem ainda não atingiu, fala-se hoje de escutas (só faltava eu!).
Parece-me óbvio que nada disto vai ter mais consequências que aquelas que já teve. E ainda bem que assim é: se um dia alguém se lembra de levar este país a sério, perdemos todo o nosso glamour. O nosso "je ne sais quoi".
Neste momento, ninguém quer que o governo caia (nem mesmo Alberto João Jardim) porque não há como substitui-lo; apesar de nada se deslindar das intenções da PT o facto é que a golden share foi esvaziada; o PGR conseguiu finalmente resumir a meia dúzia os suspeitos das fugas de informação; a lei das finanças regionais está na gaveta; o orçamento vai ser aprovado; o Louçã mostrou postura de Estado quando falou da Madeira (é preocupante, mas passa-lhe) e o nosso Primeiro voltou a enjaular o animal feroz.
Como qualquer bom e honesto português, o nosso Primeiro transpira portugalidade: não a portugalidade postiça dos tipos que descobriram o Brasil por acidente, mas a portugalidade dos que teimam em desfiar a borrasca cuidando que se esgueiram por entre os pingos da chuva. A nossa portugalidade, a que está escondida em todos nós, mesmo quando não damos por ela.
É isto que faz da democracia a forma mais encantadora de exercer o poder. A possibilidade de qualquer um poder ser alguém. O Olimpo aberto ao povo.
Quase que apostava o meu polegar direito em como José Sócrates nunca sonhou vir um dia a ser Primeiro Ministro deste país. Se tal tivesse sucedido, teria sido mais cuidadoso na construção do curriculum, na escolha dos amigos, nos apoios à família.
Existem em Portugal centenas de milhar, senão milhões de almas que não desdenhariam vir a governar o país e que têm no seu passado coisas das quais não se orgulham.
Será lícito tanto escrutínio?
A democracia, afinal, é ou não é uma emergência da populaça? É ou não o governo pelo povo?
Se o nosso povo tem estas idiossincrasias, porque insistimos em negá-las aos detentores dos cargos públicos?
O facto de termos no passado governantes de alta craveira, políticos engomados até ao elástico das cuecas, alguma vez nos tirou do buraco?
Nunca votei em José Sócrates, presumo que me cresceriam pêlos no céu da boca se o fizesse, mas não posso negar que lhe admiro a desfaçatez, a resistência, aquela chico-espertice que faz de nós um dos povos mais cativantes do mundo. A anos-luz, felizmente, de tipos enfadonhos como os noruegueses, os dinamarqueses ou os suecos (excepto as suecas).

E agora algo completamente diferente:

Quem é que teve a brilhante ideia de colocar a filha mais nova do maestro Victorino d'Almeida na comissão de ética do parlamento? E porquê?
Tem-se mostrado irritante, pedante, jocosa (no mau sentido), inconveniente, falsamente seráfica, presumida e, irritante (esta acho que já disse). Se fosse um homem já lhe tinham chamado palhaço.
Ah! E alegadamente trabalha (a moça) para aquele tipo que se demitiu da PT, o primeiro a sair, o tal que alegadamente meteu uma cunha para o Figo receber a massa do BPN, pelos vistos sem sucesso.
Alegadamente.
E vive em Paris, a moça, presume-se a que eXpensas, de onde se desloca, sabe-se a que eXpensas, para poder dizer que finalmente tem uma profissão. São estas coisitas e estas contitas que rebentam com o erário público. Desde o tempo em que alegadamente Torres Couto assentou arraiais nos Açores, alegadamente, para engordar a ajudita de custo da deslocação ao "contenante".

3 comentários:

  1. Batem leve, levemente, como quem chama por mim. Será o Peres, o Carvalheira, o Pinheiro, o Hermano Soares, o Gaius Antoninho? Não, não pode ser! É tudo gente muito, muito séria.
    Então quem bate são os gajos da Junta da Freguesia da Mealhada? Também não?
    Bem, vou-me embora para a Madeira, porque esta malta laranja do meu concelho não está à altura do Betito que tem um jardim. Ultrapassam-no!!!!

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  2. Espensas??????????????!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Ó pá, tu enxergas-te ou andas a pensar nos cavalos, no hipismo e querias dizer espendas?

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  3. É expensas
    Ai que vergonha
    E escrevi duas vezes
    Agradecido

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