quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Nadar com os tubarões

Legalmente, Algés não tem praia.
Na prática tem, que eu já vivi por aqueles lados e vi-a muitas vezes.
Legalmente, não tem areia suficiente para ser considerada zona balnear.
Na prática, tem areia, tem água e tem habitualmente banhistas, logo é uma praia.
Legalmente, é proibido tomar banho em Algés desde há cinco anos porque a água tem tubarões.
Na prática não existe sinalização a informar desse facto.
Legalmente, não tem que existir sinalização porque não é uma zona balnear.
Na prática, não ficava nada mal à Camara de Oeiras informar os mais descuidados, mesmo que a lei não a obrigue a tal.
Legalmente, tomar banho em Algés é perigoso.
Na prática, à força de ter que coabitar com os tubarões nos esgotos a céu aberto dos bairros de lata onde habita, alguma da população que, à falta de melhor, frequenta a praia de Algés, nem dá conta dos intrusos.
Não há notícia de acidentes mortais.
Idiossincrasias de um país atrasado.
(Para o texto fazer sentido, onde se lê tubarões, leia-se cagalhões)

2 comentários:

  1. Em Portugal continuamos a disfarçar-nos de pessoas que protegem o ambiente...
    - temos sistemas subdimensionados (colectores pluviais e de saneamento, ETAR's, estações elevatórias, etc)
    - fazemos pouca ou nenhuma fiscalização das estruturas "enterradas" por desconhecimento, falta de recursos ou simplesmente falta de hábito
    - continuamos a colocar à frente de empresas e/ou departamentos municipais e outras entidades com responsabilidades ambientais os "boys" destinados aos "jobs"
    - perdemos entre captação e distribuição entre 30 a 60% da água captada (depende do municipio) mas investimos pouco na detecção de problemas e reparação de estruturas
    e etc etc etc

    Já não há justificação para tubarões. As soluções existem (as leis também!), os sistemas são hoje comuns... falta talvez a vontade porque uma ETAR ou uma estação elevatória, por muito bem construidas que sejam, não são noticia tão interessante quanto o TGV!

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