quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Coltrane Vanilla Ice (or not)



Este lusco-fusco de final de Verão em que de manhã está frio, à tarde calor e à noite humidade é a antecâmara da Estação da Produção. Aquela Estação do colorido único, dos entardeceres com pose de postal e daquelas manhãs rijas em que apetece tomar um cafézinho numa esplanada com um agasalho ligeiro.
Habitualmente salivo de antecipação pelo Outono. É superior a mim!
No Outono usa-se o meio termo. O dia é errante e tanto pode ser quente como frio. É o mistério da vida a palpitar.
Vodka.
O mais puro dos espirituosos.
A bebida base do Outono.
Pura e cristalina como a água gélida das nascentes.
Vodka de baunilha, café e chantilly...
E umas raspas de chocolate.
Depois do almoço para aconchegar.
Se estiver calor, será de bom tom tirar uma bica antes do almoço, açucará-la convenientemente (um pouco mais que a dose) e deixá-la a descansar. No final do repasto coloca-se gelo no shaker, o café já frio, um bom trago de vodka de baunilha (aromatizada com) e uma esguichadela generosa de chantilly em spray. Bate-se o shaker e serve-se numa taça de cocktail previamente gelada. Para decorar, raspa-se com uma faca um bocadinho de chocolate em tablete.
Se estiver frio, tira-se a bica no final do almoço, adoça-se como anteriormente e verte-se para um copo pequeno e resistente entretanto aquecido com água. Vodka por cima e finaliza-se com o chantilly em forma de artistica poia mailas raspas de chocolate. As quantidades são à vontade do freguês e afinam-se com a experiência (não convem treinar muitos no mesmo dia).
Este paleio todo porque comprei uma garrafa de vodka de baunilha para experimentar e descobri que só se consegue beber simples (não aprecio) ou nos preparos acima descritos.
Enaltecido com um Romeo y Julieta Mille Fleurs, não há tarde que me tire do sofá.
Entretanto, e porque nada se deve estragar, é bem comer-se o resto do chocolate.
E ouvir o Coltrane porque faz bem ao intelecto; torna-nos espertos!

4 comentários:

  1. É capaz de ser bom, mas dá muito trabalho.
    Porque não contemplar, simplesmente, o volteio das folhas a cair e as cores múltiplas do Outono?

    ResponderEliminar
  2. O Coltrane torna-nos espertos? Pensava que fosse mais o Mozart. Mas se calhar com o Coltrane tb resulta. 15 minutos por dia de audição, chegam?

    ResponderEliminar
  3. Olha dá trabalho? Eh! Eh!
    E se eu disser que além disto tudo ainda faço o almoço?
    Não há melhor terapia para o stress. Então se for um almoço elaborado e de confecção demorada, consegue-se quase um tratamento: um Dry Martini para limpar o palato e avisar o estômago, uma garrafinha de espumante (não precisa de ser toda, pode ficar algum para iluminar o repasto)para acompanhar o processo de cocção em conjunto com uns bocaditos de broa e umas laminas de um presunto italiano que o meu cunhado me trouxe (fabuloso, embrulhado numa pasta de pimenta esmagada).
    Por mim, até podia ser descontado no IRS na parte das das despesas com a saúde.
    Ah, é verdade! O Coltrane é só no fim. Durante o culinário acto criativo não dispenso um Julio Iglésias.

    ResponderEliminar
  4. Meu caro Pedro Costa:
    Sou o mesmo anónimo que te provocou acima, só para te picar.
    A tua resposta só me merece um comentário:
    Pronto. Fiquei convencido. És mesmo incorrigível (no bom sentido, claro!

    ResponderEliminar