domingo, 6 de junho de 2010

da palavra

Um dos livros mais fascinantes que já li, 2001 Odisseia no Espaço, de Arthur C. Clark, narra a aventura de Dave Bowman, Frank Poole e do computador HAL 9000 em busca de respostas possíveis para a mais recorrente das perguntas - Estaremos sós?
A passagem do livro ao cinema em 1968 pelo mestre Stanley Kubrick levou a história a todo o mundo e acabou mesmo por ganhar o Oscar para a categoria de efeitos especiais.
Infelizmente, o filme ficou mais conhecido pelos bailados espaciais ao som de Strauss que pelo apurado sentido científico e de veracidade que povoa a obra que lhe deu origem.
Retenho para mim uma passagem do livro, já na parte final, quando Bowman vagueia pelo interior da casa que a inteligência alienígena construiu, com base na informação que sugou da nossa sociedade. Bowman entra numa sala, encontra uma embalagem de um alimento qualquer que reconhece, abre essa embalagem e dentro encontra apenas uma substância azul. Abre então outras embalagens de outros produtos e encontra sempre a mesma substância. Sinal evidente de que a superior inteligência alienígena tinha conseguido imiscuir-se apenas na aparência da nossa realidade e não no íntimo da nossa existência. Reproduziu as embalagens mas foi incapaz de reproduzir os conteúdos.
O filme não consegue mostrar a amplitude desta metáfora.
As palavras, às vezes valem mais que mil imagens.

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