sexta-feira, 25 de junho de 2010

do faz-de-conta


Hoje fui à escola do meu filho reunir com o director de turma e receber a avaliação.
Não se esperavam casos bicudos para tratar e, começa a ser hábito, houve mais elogios ao grupo que críticas. Não é nenhum segredo de Polichinelo: é apenas uma turma que se mantem estável desde o ensino básico, onde a dinâmica de grupo funciona de forma positiva, que se comporta geralmente bem e isso acaba por se reflectir também no aproveitamento.
O único senão, segundo o director de turma, é que, apesar de ser a melhor turma do ano (sexto) em relação à média final, foi das piores, senão a pior, no resultado das provas de aferição. De tal modo que a professora de matemática, sentindo-se defraudada andou "três dias doente".
Não consegui deixar de sorrir.
A minha actividade principal não é o ensino, mas tenho quase vinte anos de experiência de ensino e permito-me pensar que conheço alguma coisa do que se passa na cabeça dos miúdos. E o que se passa na cabeça dos miúdos hoje é o que se passava na cabeça dos miúdos há dez, há vinte, há trinta anos.
Salvo raríssimas excepções, por muito que gostem de estudar, gostam muito mais de não o fazer. Salvo raríssimas excepções, sabendo que teriam que fazer um exame que não contava para nada, dificilmente se empenhariam.
Estes particularmente fizeram a diferença porque se aperceberam de que as "ameaças" dos professores de que a prova se reflectiria na nota final da disciplina, não passavam de muletas discursivas para os tentar motivar.
Não fiquei contente que tenha sido a pior turma nesse particular, mas fiquei orgulhoso por terem demonstrado espírito crítico. Aquela coisa da satisfação do dever cumprido que deve nortear a nossa vida, independentemente do resultado alcançado, não se encaixa na cabeça de miúdos de doze anos - ainda é cedo para terem essa percepção.
Todas as provas devem contar.
Muito ou pouco, todas devem ter peso na avaliação final dos alunos. Por este caminho, a prazo, as notas serão cada vez mais baixas e começará a assistir-se ao aumento gradual do absentismo.
Serão eventualmente extintas pois esse é o caminho mais fácil.

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