Não lhe era estranho o aroma. Nem a cor, tampouco lhe rasava a alma sem despertar aquelas coisas que fazem comichão nos sentimentos.
Sentia-se perdido naquela imensidão de gente cinzenta de rosto fechado que caminhava contra ele no passeio. Tudo com os olhos no vazio, quiçá num ponto que aparentava projectar-se nas suas costas, mas que, das vezes que olhara, nunca lhe aparecia.
O dia escorria melancolia pelas laterais dos prédios e cor pelas frontarias das lojas. Cor e calor que vinha de dentro, ou pelo menos parecia, a julgar pelas bochechas rosadas dos meninos, nariz encostado ao vidro, a ver os comboios a pilhas a girarem sobre si mesmos, perseguindo-se como cães perante as caudas esvoaçantes.
Não era a neve que tirava o brilho aos rostos da multidão. Não era a vida, rotinada, viciada na procura de um crescimento que ninguém garante ser alcançado. Nada. A cor fugira para outras paragens. Brilhava como nos anúncios da televisão a correr solta numa praia paradisíaca que poucos conheciam, mas onde vivem pobres que servem os ricos com dinheiro suficiente para lá passarem temporadas. Uma praia com serviço incluído.
E foi no meio destes pensamentos que tropeçou diante do autocarro depois de ter passado o sinal vermelho para peões sem que uma mão o detivesse ou um grito o alertasse.
Morreu ali.
Cinzento.
Sentia-se perdido naquela imensidão de gente cinzenta de rosto fechado que caminhava contra ele no passeio. Tudo com os olhos no vazio, quiçá num ponto que aparentava projectar-se nas suas costas, mas que, das vezes que olhara, nunca lhe aparecia.
O dia escorria melancolia pelas laterais dos prédios e cor pelas frontarias das lojas. Cor e calor que vinha de dentro, ou pelo menos parecia, a julgar pelas bochechas rosadas dos meninos, nariz encostado ao vidro, a ver os comboios a pilhas a girarem sobre si mesmos, perseguindo-se como cães perante as caudas esvoaçantes.
Não era a neve que tirava o brilho aos rostos da multidão. Não era a vida, rotinada, viciada na procura de um crescimento que ninguém garante ser alcançado. Nada. A cor fugira para outras paragens. Brilhava como nos anúncios da televisão a correr solta numa praia paradisíaca que poucos conheciam, mas onde vivem pobres que servem os ricos com dinheiro suficiente para lá passarem temporadas. Uma praia com serviço incluído.
E foi no meio destes pensamentos que tropeçou diante do autocarro depois de ter passado o sinal vermelho para peões sem que uma mão o detivesse ou um grito o alertasse.
Morreu ali.
Cinzento.
Sem comentários:
Enviar um comentário