segunda-feira, 19 de setembro de 2011

das escolhas

(O artista está a precisar de aparar a franja)

Fazemos escolhas durante toda a vida. A vida é um percurso, e caminho que deixamos é caminho que morre. Mesmo os caminhos retomados, embora possam parecer, já não são iguais aos que deixámos para trás.
Com a idade, as escolhas começam a revestir-se de maior dramatismo. Algumas são radicais.
Considero idiota o medo de envelhecer, mas respeito quem o cultiva. Acho até valoroso o esforço de esconder a marca do tempo. Diria mais: épico. É a nossa possibilidade de brincarmos aos deuses.
No entanto, há coisas que são infrutíferas. Há modificações alheias à evolução da medicina; pequenas manias do nosso organismo que não se compadecem com bisturis, clínicas modernas ou cirurgias sofisticadas.
Mesmo com a carroçaria recauchatada, o tempo moi.
Entre café e charutos, tive que optar. Dramático! Juntos provocam-me palpitações e desconforto no estômago.
Porque a idade também nos traz sensatez, cheguei a um consenso. Ora um ora outro, com periodos de higiénico ramadão.
Desde Julho que não tocava em charutos. Retomei hoje como se de um velho amigo se tratasse: alguem que nos faz companhia, que nos compreende e que não nos julga. Tenho cada vez menos, cultivo os melhores.
Abandonei o café, vai para duas semanas, e realmente começo a convencer-me que de facto a idade me tem trazido sabedoria. Mas isso é a minha opinião: a que me importa.

2 comentários: